A educação básica foi profundamente afetada pela ditadura militar. Logo de início, educadores e estudantes foram perseguidos, calados, expulsos, presos, exilados e alguns assassinados. Com isso, o governo autoritário abria caminho para a aplicação de suas políticas educacionais, que possuíam dois grandes objetivos: o primeiro era a formação da mão de obra adequada ao modelo de desenvolvimento econômico dos militares. O segundo era a difusão de uma ideologia favorável ao regime entre as crianças e adolescentes, começando por impor aos jovens um padrão de comportamento regrado e obediente. Estes aspectos se interligavam, pois uma rígida disciplina escolar, baseada no medo, poderia fortalecer a obediência social no ambiente de trabalho e promover o aumento da produtividade na economia.
Autor: Andre Deak
As universidades ocuparam lugar estratégico nos projetos da ditadura. Primeiramente, porque nelas conviviam e trabalhavam uma grande quantidade de professores e estudantes que se opunham ao golpe de 1964 e ousavam desafiá-lo. Em segundo lugar, as universidades possuíam um papel chave na formação das elites intelectuais, políticas e econômicas do país. Aliás, exatamente por isso o ensino superior atraiu a participação de agências estadunidense, tanto públicas, como a USAID (United States Agency for International Development), quando privadas, com destaque para as Fundações Ford e Rockefeller. Em estreita parceria com os militares, elas financiaram muitos projetos supostamente “modernizadores” nas instituições acadêmico-científicas brasileiras.
Os anos 1950 e 1960 foram marcados por um intenso debate sobre a educação brasileira. Muitos intelectuais e movimentos sociais formularam propostas para a organização de um sistema nacional de ensino mais democrático e popular, que superasse as desigualdades socioculturais, formasse cidadãos consciente de seus direitos e preparados para desafios econômicos. O Brasil era considerado uma pátria “mal-educada”, com índices de analfabetismo alarmantes. A polarização política que antecedeu ao golpe de 1964 também atingiu a educação. A sociedade brasileira fervilhava com projetos educacionais humanistas e inovadores que, mais tarde, sofreram diretamente os impactos da repressão.
Contexto sobre o noticiário
Paulo Malhães, um coronel reformado do Exército, descreveu com detalhes à Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro as torturas e o que foi feito com o corpo do deputado cassado Rubens Paiva, que está desaparecido desde 1971. Exatamente um mês depois de dar esse depoimento, Malhães foi assassinado. Até o momento sua morte está sendo investigada e a maior suspeita é de que seja “queima de arquivo”, ou seja, de que ele tenha sido assassinado por antigos colaboradores da ditadura por revelar essas informações.
Veja a notícia no Jornal Nacional
Veja a notícia da Folha de S. Paulo
A Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro apresentou provas de que o militante Raul Amaro Nin Ferreira foi torturado até a morte dentro do Hospital Central do Exército. Foi a primeira vez que se conseguiram provas que atestam tortura dentro de um centro hospitalar no Brasil.
Veja a notícia do jornal O Globo
Veja a notícia na revista Carta Capital
Veja a notícia no site da Comissão Nacional da Verdade
A estilista Zuzu Angel era mãe de Stuart Edgar Angel Jones, militante do grupo de luta armada MR-8. Stuart foi preso em 1971 e continua desaparecido até hoje. Durante a ditadura, Zuzu lutou para obter informações sobre seu filho. Ela morreu num acidente de carro armado por agentes da ditadura, em 1976. Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade recebeu fotos onde aparece na cena do acidente um coronel do exército, Freddie Perdigão. Para a CNV, a imagem é importante pois comprova que a ação foi planejada pela ditadura.
Veja notícia no site da Folha de S. Paulo
Veja outra notícia no site da Folha de S. Paulo
Veja a notícia no site da Comissão Nacional da Verdade
Em 2012 começaram a ser realizados “escrachos” no Brasil. Os escrachos daqui foram inspirados no “escraches” argentinos e nas “funas” chilenas. Nos dois países vizinhos, há muito tempo, militantes de direitos humanos e familiares de desaparecidos políticos realizavam atos e caminhadas até a casa de torturadores da ditadura impunes para mostrar aos vizinhos quem eram aquelas pessoas. Aqui no Brasil, a Frente de Esculacho Popular e o Levante Popular da Juventude realizam ações semelhantes, denunciando pessoas que torturaram, assassinaram e praticaram graves violações de direitos humanos e que, no entanto, continuam impunes, sobretudo por conta de Lei de Anistia, de 1979. Desde 2012 foram diversas as ações organizadas pelos dois grupos de jovens.
Leia aqui uma matéria geral sobre o sentido dos escrachos
Leia aqui as matérias sobre o escracho contra Harry Shibata, médico legista que atuou durante a ditadura:
Leia aqui a matéria sobre o escracho contra Homéro César Machado, torturador
Leia aqui as matérias sobre o escracho realizado contra a Fiesp e o Banco Itaú, em mais uma ação da Frente de Esculacho Popular, desta vez denunciando a participação de empresas e sociedade civil no apoio à ditadura:
No jornal O Estado de S. Paulo
Imagens do jornal O Estado de S. Paulo
Leia aqui matérias sobre o escracho contra Carlos Alberto Augusto, que foi um torturador e se tornou, em 2013, delegado de polícia na cidade de Itatiba, no interior de São Paulo:
João Goulart, o presidente deposto pelo golpe militar em 1964 morreu no exílio, em 1976. Até este ano, sua morte era permeada de mistério. O corpo do presidente deposto foi exumado e seus restos mortais foram analisados, pois havia a suspeita de que ele tivesse sido envenenado. Em dezembro de 2014 o resultado da análise não detectou qualquer sinal de envenenamento, mas as investigações devem continuar. Veja as matérias abaixo:
No blog do jornalista Mário Magalhães
Em junho de 2014, a Comissão Nacional da Verdade recebeu do governo dos Estados Unidos documentos daquele país referentes à cooperação e apoio que eles deram à ditadura aqui no Brasil e ao golpe. Os documentos foram tornados públicos pela CNV. Meses antes, o jornalista Elio Gaspari havia disponibilizado em seu site, um áudio de Kennedy falando com o então embaixador dos EUA no Brasil, Gordon, sobre uma possível intervenção militar no país.
Matéria sobre os documentos no site da CNV
Depois da morte de Paulo Malhães, já citada acima, diversos documentos até agora desconhecidos foram apreendidos em sua casa pelo Ministério Público Federal. Dentre esses documentos, estão alguns que falam de suas viagens secretas e da chamada Operação Gringo, que comprova como os setores de inteligência das ditaduras latino-americanas trabalham entre si. Nunca antes de revelados esses documentos houvera uma prova tão clara da existência da chamada Operação Condor. Veja as matérias abaixo, todas sobre diferentes assuntos relacionados à Operação Gringo:
Cooperação entre as ditaduras latino-americanas
Viagens secretas de Paulo Malhães
A Comissão Nacional da Verdade
Finalmente, em 2011, foi criada pela lei 12.528 a Comissão Nacional da Verdade, com o objetivo de “apurar graves violações de direitos humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988”. Instituída em maio de 2012, quase trinta anos depois do fim da ditadura militar, veio investigar os crimes de agentes do Estado contra cidadãos que lutaram contra a repressão. Resultado de uma longa luta de familiares e grupos de defesa dos direitos humanos, tinha um prazo de dois anos para os trabalhos, que foi estendido para dois anos e meio. Em sua formação original, contou com sete membros: Cláudio Fonteles, Gilson Dipp, José Carlos Dias, José Paulo Cavalcanti Filho, Maria Rita Kehl, Paulo Sérgio Pinheiro e Rosa Maria Cardoso da Cunha, além de 14 assessores e uma vasta equipe de pesquisadores.

O relatório da Comissão Nacional da Verdade foi entregue em 10 de dezembro de 2014, Dia Internacional dos Direitos Humanos. A Comissão não tem a função de punir nem indiciar criminalmente qualquer violador de direitos humanos, mas apresentar “recomendações” para o Estado brasileiro. A comissão, ao longo desse tempo de trabalho, teve o poder de convocar pessoas para depor e prestar esclarecimentos sobre determinados casos. Assim, avançou muito em algumas questões, que podem ser vistas nas matérias comentadas neste site.
Pela primeira vez, nesse relatório, o Estado assume oficialmente os crimes dos quais já falou a respeito em livros e dossiês. É mais um passo na recuperação da verdade e da memória histórica, para que crimes como aqueles nunca mais voltem a acontecer.
Clique aqui para assitir todas as audiências públicas realizadas pela CNV.
Clique aqui para ler o relatório completo com mais de 4 mil páginas.
As comissões da verdade pelo Brasil
O maior êxito da Comissão Nacional da Verdade, no entanto, foi colocar o tema da ditadura e das violações de direitos humanos em pauta na sociedade. Durante seus trabalhos, diversas comissões foram criadas pelo Brasil: comissões estaduais, municipais, comissões setoriais, de universidades, e calcula-se que hoje sejam mais de 300 funcionando em todo o país. Essas comissões, cada uma no seu âmbito e escopo, investigaram e seguem investigando temas e assuntos específicos e colaboraram também no sentido de trazer à tona essa verdade escondida.
Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva (São Paulo)
Relatório da Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog (São Paulo)
Comissão Estadual da Verdade (Rio de Janeiro)
Comissão Estadual da Verdade (Rio Grande do Sul)
Comissão da Verdade da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Comissão da Verdade da Prefeitura de São Paulo
E estas são apenas algumas das tantas que existem por aí…
Aqui pode-se consultar a íntegra do relatório, neste link.
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Obrigado.
O portal Memórias da Ditadura é um espaço de divulgação e troca de propostas didáticas desenvolvidas pelos professores sobre o regime militar no Brasil. Sabemos que os professores têm desenvolvido propostas interessantes nesse sentido.
Compartilhe aqui seu trabalho e estimule outros professores a trabalhar de forma significativa esse período tão importante da nossa História e que tem tantas relações com os dias atuais. Para tanto, preencha o formulário a seguir com o detalhamento da proposta realizada com os alunos.
Os festivais da canção (1965-1972)
Pode-se dizer que o nascimento da MPB passou pelos festivais de música, promovidos por emissoras de TV, como a Record e a Globo, de 1965 a 1972. Em vez de chegar ao público pelo rádio, a música entrava na casa das pessoas pela televisão e só depois pelo disco. Os festivais acabaram se transformando em palco político. Com o surgimento da Tropicália e o uso de metáforas para protestar contra o regime, a censura passou a controlar os festivais, que eram parte importante do entretenimento durante o período. Informalmente foi criada a categoria dos “campeões verdadeiros” e os “morais”, aqueles cujas músicas viraram hinos sem ter vencido.
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As telenovelas – entre o melodrama e a crítica social
A telenovela diária surgiu em 1963 como uma forma de entretenimento da televisão brasileira. Mas, no início, ela pegou emprestados elementos da radionovela, e as atuações eram muito teatrais. Foi em 1968, com Beto Rockfeller na TV Tupi, que se iniciou a era “moderna” da telenovela. Foi a primeira a utilizar a realidade social como matéria inspiradora. Os personagens usavam gírias e evitavam a impostação teatral das falas.
Em 1970, a TV Globo assumiu o gênero e apostou em algumas inovações técnicas e dramáticas, com o sucesso de Irmãos Coragem, de Janete Clair, a primeira novela brasileira a ser gravada em cidade cenográfica. Elas passaram a ser vistas pelos militares como um meio para formar a opinião pública. A audiência chegava a quase 80% dos televisores.
Com o crescimento da TV como veículo de massa, os textos também passaram a ser censurados. Apesar de serem marcadas pelo melodrama, as novelas acabavam veiculando os conflitos sociais e de classe, ainda que de maneira escondida. Havia também outros formatos de teledramaturgia, mais elaborados, como os Casos Especiais, escritos por Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, importante dramaturgo comunista que trabalhou na TV Globo.
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O jornalismo: entre a realidade e a voz oficial
O Jornal Nacional estreou em setembro de 1969, com a função de servir à chamada “integração nacional”, nome dado pelos militares ao objetivo político de criar uma rede de comunicação e transportes em nível nacional. Foi o primeiro telejornal transmitido ao vivo em rede. O tom formal e frio, com informações que interessavam diretamente ao regime, deu ao jornal o apelido de “porta-voz da ditadura”. Todos os textos e reportagens gravadas passavam pelos fiscais da censura. Nenhuma notícia considerada agressiva à ditadura ia ao ar.

Do outro lado, o jornalismo da Band era considerado progressista para a época. A emissora, inaugurada com equipamentos modernos em 1967, investia numa grade sem comerciais e com debates políticos. Nos anos 1970, seu jornalismo se destacou, sobretudo na cobertura de eventos internacionais. A emissora também apresentou musicais com grandes nomes da MPB de esquerda, como Chico Buarque, Elis Regina e Milton Nascimento.
Outras referências importantes no jornalismo crítico foram o Globo Shell Especial, que posteriormente mudou de nome para Globo Repórter, e o jornalismo praticado pela TV Cultura. As reportagens nesses programas eram focadas nos problemas sociais e nos contrastes e desigualdades que o desenvolvimento econômico criava.
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Propaganda do regime militar
Os anúncios e slogans da ditadura militar eram propagados pela televisão. A dupla Dom & Ravel, criou a música “Eu Te Amo, Meu Brasil” e era comum tocarem hinos ufanistas, como “Este é um país que vai pra frente” do grupo Os Incríveis. Slogans como “Brasil: Ame-o ou deixe-o!”, “Brasil: Ame-o”, e “Quem não vive para servir ao Brasil, não serve para viver no Brasil”, eram propagados através de objetos e em adesivos nas janelas dos automóveis. Ao vencer o tricampeonato mundial de futebol, em junho 1970, no México, o Brasil assistiu a uma das maiores campanhas publicitárias de massa de sua história. No tricampeonato brasileiro, surgiu o hino “Pra Frente Brasil”, de autoria de Miguel Gustavo, usado até hoje.
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– A propaganda da ditadura militar
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A semana do presidente
A concessão da TVS foi dada a Silvio Santos durante o governo Figueiredo. Logo depois, o apresentador criou um programa para divulgar os feitos do governo. O miniprograma A Semana do Presidente foi transmitido por mais de vinte anos, mostrando os eventos aos quais o presidente havia comparecido nos dias precedentes. Era uma espécie de boletim de divulgação dos atos do governo, custeado pelo Estado. No regime militar, foi usado como mais um recurso para estimular o ufanismo e aumentar a popularidade do governo.
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Os programas populares de auditório: Chacrinha, Silvio Santos e Flávio Cavalcanti
Esses programas, que a princípio eram regionais, tiveram um crescimento durante o regime militar e passaram a ser retransmitidos em rede nacional. Os apresentadores ocupavam um papel importante no entretenimento televisivo. Para se ter uma ideia dessa abrangência, o programa Silvio Santos, por exemplo, chegou a ter oito horas de duração, em 1968, e pico de 40,4% de audiência, em 1969, equiparando-se à transmissão da chegada do homem à Lua, que teve 41,4%. Os apresentadores eram vigiados de perto pelos censores e raramente temas políticos entravam em cena.
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TV Pirata
Entre 1989 e 1990, a transmissão do Jornal Nacional na TV Globo foi invadida diversas vezes pela transmissão de um grupo de resistência de esquerda, cujos nomes ainda estão em segredo até hoje. A chamada “TV Pirata” protestava contra o poder da empresa de Roberto Marinho. Eram mostradas imagens do empresário, e no off, uma voz falava sobre resistência. Em um dos programas, eles ensinavam os procedimentos para montar uma rádio livre. As ações tinham 15 minutos, o tempo necessário para o sinal não ser rastreado.
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Amaral Netto, o repórter
Deputado por oito vezes, Amaral Netto foi apresentador de um programa na TV Globo que exaltava o regime militar. O programa de documentários apresentava em tom ufanista grandes obras, como a hidrelétrica de Itaipu e a rodovia Transamazônica, e ainda mostrava regiões longínquas, exaltando o folclore dos lugares. Era o programa mais oficial da ditadura que existia na TV brasileira.
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O papel da TV Globo e o modelo Globo de Televisão
A TV foi a arma utilizada pelo governo militar para alcançar a integração nacional, e ela se valeu desse poder para se desenvolver. Aliada estratégica, a Rede Globo desempenharia um papel fundamental na consolidação do regime no Brasil. Entre 1965 e 1982, o grupo de Roberto Marinho passou de detentor de uma única concessão de televisão, no Rio de Janeiro, à condição de quarta maior rede de TV do mundo. Isso foi possível com a ajuda do governo militar, que fez vista grossa à entrada de capital estrangeiro na empresa, o que era proibido por lei. O acordo com o grupo Time Life possibilitou uma ajuda financeira importante para a criação do modelo Globo de programação e a definição da estética televisiva do país.
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– TV Globo apoiou entusiasticamente a ditadura militar
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Transmissão da chegada do homem à Lua
Em 1969, a Globo se tornou pioneira na transmissão via satélite do lançamento da nave espacial Apollo IX. Em julho, transmitiu a chegada do homem à Lua (missão Apollo XI), devido ao desenvolvimento tecnológico da Embratel, que vendeu o link à emissora. Esse acontecimento teve uma audiência de 41% dos televisores ligados.
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A TV a cores
De 1971 a 1973, a TV Globo adaptou os equipamentos e treinou os técnicos para a utilização de cor na imagem. O padrão visual se diferenciou das outras emissoras, apresentando logotipos e belas paisagens do país, distanciando-se da realidade de miséria em alguns estados. O investimento para “colorir” as imagens era oneroso para as outras emissoras, o que deixou a Globo de novo à frente.
A primeira transmissão a cores aconteceu em 1972, na Festa da Uva de Caxias do Sul, pela TV Globo. Porém levou anos até que toda a programação da emissora chegasse a ser colorida. A Bandeirantes foi a única que acompanhou a Globo nesse sentido. A Globo se consolidou como líder nacional, no início dos anos 1970, com 36 filiadas e centenas de estações retransmissoras pelo país, com apenas sete anos de vida.

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Os exageros da censura: o balé na TV
Em 1966 foram decretadas as normas da censura na TV pelo Departamento Federal de Segurança Pública. Nessa época, já existiam 2,3 milhões de aparelhos televisivos no país. Um dos episódios mais marcantes foi a proibição da exibição da peça “Romeu e Julieta”, encenada pelo Ballet Bolshoi, que seria transmitida pela TV Globo em 1976. O ministro da Justiça do governo Geisel, Armando Falcão, afirmou que o Bolshoi, por ser uma companhia russa, e a Rússia fazer parte da União Soviética, poderia apresentar uma leitura comunista da tragédia de Shakespeare e proibiu a transmissão que já havia sido anunciada.
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A TV Cultura e a morte de Herzog
A Fundação Padre Anchieta, do governo do Estado de São Paulo, foi criada em 1968 para gerenciar a TV Cultura, comprada de Assis Chateaubriand. Em 1969, entrou no ar a emissora pública, com o objetivo de aprimoramento educativo e cultural dos telespectadores, com jornalismo de qualidade e programas que não buscavam conseguir audiência a qualquer custo.
Inicialmente com quatro horas diárias de programação, a TV Cultura já preenchia os requisitos de emissora pública educativa, exibindo teleaulas, documentários, e peças de teatro. No mesmo ano, entrou no ar um programa visto como vanguarda até para os dias de hoje: uma espécie de “terapia em grupo” de jovens na televisão, apresentado pelo psiquiatra Paulo Gaudencio. O Jovem Urgente discutia o desenvolvimento sexual e foi proibido pelo governo militar.
O noticiário da TV Cultura buscava explicações mais abrangentes sobre problemas do cotidiano e mostrava a realidade social brasileira. Em 1975, o diretor de jornalismo Vladimir Herzog foi preso. Os militares iriam interrogá-lo por fazer parte do Partido Comunista. Logo depois, divulgaram que Herzog teria se suicidado na cadeia, fato que levou anos para ser corrigido: ele foi torturado e morto pelos militares.

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https://www.youtube.com/watch?v=E4KgEolNpy4
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– Paulo Gaudencio escreve sobre o programa Jovem Urgente
– Jovem Urgente, 1969 – Compilação de clipes do programa
– Entenda o caso Vladimir Herzog
– A morte de Vladimir Herzog
– Morte de Vladimir Herzog, o crime que baqueou a ditadura
– Vladimir Herzog – Jornalista morto pelo regime militar
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Extinção da TV Excelsior
Após dez anos no ar, a TV Excelsior fechou as portas em 1970. A emissora fez modificações preciosas para a nova linguagem da TV, além de oferecer altos salários. Inovou com a programação horizontal, ou seja, a repetição do mesmo programa no mesmo horário em dias diferentes, e a vertical, com uma sequência de programas pensada para que o telespectador não mudasse de canal.
Foi também importante na resistência ao manter no ar o Jornal de Vanguarda, rompendo com a linguagem tradicional e introduzindo vários locutores e comentaristas no estúdio – e até bonecos – rompendo com o insosso jornalismo televisivo da época. O jornal sucumbiu ao AI-5 e a emissora desapareceu dois anos depois. Em 1970, depois de sofrer um incêndio, o governo aproveitou a fase difícil da emissora e cassou a concessão.
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Cassação da TV Tupi
A TV Tupi teve a concessão cassada pelo governo militar em julho de 1980. Os motivos variaram para cada uma das afiliadas, mas foram apontados problemas financeiros e administrativos, e dívidas com a Previdência Social, como justificativas principais. Foi o então presidente Figueiredo quem assinou o decreto que extinguiu a primeira emissora de televisão da América Latina, do empresário Assis Chateaubriand, criador dos Diários Associados.
A concessão foi repartida entre Silvio Santos (SBT) e Adolfo Bloch (Manchete). O SBT deslanchou graças aos empreendimentos paralelos desenvolvidos com o apoio da TV, como a realização de concursos e jogos. A Manchete repetiu o destino da Tupi: apesar de ter tido algum sucesso em telenovelas e minisséries, como Pantanal e Dona Beija, acabou afogada em suas próprias deficiências administrativas, e se viu incapaz de enfrentar a Globo pelas fatias do mercado publicitário.
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Repórter Esso
O Repórter Esso foi o primeiro noticiário de radiojornalismo do Brasil que não se limitava a ler as notícias recortadas dos jornais, já que as matérias eram enviadas por uma agência internacional de notícias dos Estados Unidos. A primeira transmissão ocorreu na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, em 28 de agosto de 1941, iniciando a cobertura do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Foi nesse programa que o deputado Rubens Paiva fez o famoso discurso contra o golpe, no dia 1º de abril de 1964. O último programa no rádio foi em 1968.
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Projeto Minerva
O governo militar criou um programa de ensino à distância chamado Projeto Minerva. O programa entrou no ar pela primeira vez no dia 4 de outubro de 1970. O objetivo era solucionar os problemas educacionais com a implantação de uma cadeia de rádio e televisão educativas para a massa, utilizando métodos e instrumentos não convencionais de ensino. Como tudo era controlado, o governo determinou horários obrigatórios para a transmissão de programas educativos. Os programas pretendiam preparar alunos para os exames supletivos de Capacitação Ginasial e Madureza Ginasial, estudantes que não tinham condições de frequentar um curso preparatório. O Projeto Minerva foi mantido até o início dos anos 1980, apesar das severas críticas e do baixo índice de aprovação – 77% dos inscritos não conseguiram obter o diploma.
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Radionovelas
Até a década de 1960, algumas rádios ainda faziam radionovelas, conseguindo resistir até os primeiros anos de 1970, quando o gênero acabou de vez. O crescimento da televisão e a migração da verba publicitária explica em parte o abandono do gênero. Grande parte dos atores famosos das radionovelas, como Mário Lago e Paulo Gracindo, migraram para a TV. De 1956 a 1969, ficaram famosas novelas criadas por Janete Clair como Perdão Meu Filho, Vende-se um Véu de Noiva, Amar Até Morrer e Irmãos Coragem. Muitos escritores de radionovelas, como Dias Gomes e Oduvaldo Vianna, eram ligados ao Partido Comunista Brasileiro.
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Programa de Rádio O Trabuco
Marco no radiojornalismo paulista nos anos 1960 e 1970, Vicente Leporace criou e apresentou o programa O Trabuco durante 16 anos na Rádio Bandeirantes. O formato consistia na leitura diária das notícias veiculadas nos principais periódicos do país, seguidas de comentários e críticas sobre elas. O teor dessas observações era sempre ácido e com acentuado conteúdo cômico. O radialista deixava claro, que os comentários e críticas eram de sua inteira responsabilidade, o que acabou por torná-lo um sujeito popular e com forte postura de defensor das classes menos favorecidas.
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– Biografia de Vicente Leporace
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Voz do Brasil
Criado no governo de Getúlio Vargas com o nome de Programa Nacional, foi ao ar pela primeira vez em 1934. Em 1938, ganhou o nome de Hora do Brasil e se tornou obrigatório para todas as rádios das 19 às 20 horas. Em 1971, por determinação do presidente Médici, o nome mudou para A Voz do Brasil. No ar até hoje, o programa de uma hora destaca as atividades da presidência da república, do legislativo e do Tribunal de Contas da União (TCU). Durante o período militar foi mais um programa que destacava as grandes obras e a ideia de “milagre econômico”, colaborando para o marketing do regime.
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– A Voz do Brasil
– A Voz do Brasil – Página Institucional
– A resistente “Voz do Brasil”
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Patrulha Bandeirantes
O programa, que ficou no ar entre 1955 e 1974, se dedicava a dramatizar os crimes publicados pelos jornais no dia anterior. O radioteatro tinha narração de Leonardo de Castro. No elenco, merecem destaque também Muíbo César Cury e Ronaldo Baptista. No campo policial, repórteres especializados se encarregavam de narrar histórias de crimes. Na própria Bandeirantes, José Gil Avilé, o Beija-Flor, foi pioneiro no estilo.
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Rádio Marconi e Gil Gomes
Criada em 1962, a Rádio Marconi de São Paulo era conhecida como a rádio dos trabalhadores. A partir de 1964, priorizou o jornalismo, com duras críticas ao regime militar. O radiojornalista Orpheu Salles foi preso no primeiro dia do golpe. Frequentemente os agentes do Dentel invadiam o estúdio, detinham os funcionários e deixavam a rádio fora do ar, até que os donos conseguissem uma liminar para voltar a operar. A partir de 1968 deixou de fazer críticas ao governo e à polícia e, em 1973, foi lacrada pelo governo Médici. Foi nela que, em 1968, o jovem repórter Gil Gomes narrou um caso de agressão sexual no edifício da rádio e descobriu assim sua vocação para o jornalismo policial. Nesse dia, a rádio teve audiência recorde.
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– Jornalista e repórter policial Gil Gomes
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Jornal Gente Bandeirantes
Sucessor de O Trabuco, o jornal manteve a cobertura combativa frente à ditadura. À época das greves sindicais, a rádio Bandeirantes era a única que transmitia o então líder sindical Lula ao vivo. As outras não se arriscavam, apresentavam apenas entrevistas gravadas. Foi ainda um marco do jornalismo radiofônico opinativo e um dos programas de maior longevidade do rádio brasileiro.
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Balança Mas Não Cai
O programa humorístico, ancorado por Wilton Franco, estreou em 1950, na Rádio Nacional, e ali permaneceu até 1967. Ele apresentava os quadros humorísticos, supostamente passados nos apartamentos de um edifício residencial fictício, onde moravam as personagens. Tinha no elenco os atores Paulo Gracindo, Lúcio Mauro, entre outros.
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– Balança mas não cai
– Reportagem da Agência Brasil sobre o programa Balança Mas Não Cai
– Áudio do programa Balança Mas Não Cai
– O humor na Rádio Nacional (PDF)
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Big Boy
Com o nascimento das rádios FM no Brasil, foi criada a era dos disc-jockeys, ou seja, dos locutores que cativavam a população e tocavam música. Um dos exemplos mais marcantes da época é o carioca Big Boy, que adiantou o movimento ainda na rádio AM, a Mundial (que se tornaria a rádio de maior audiência entre o público jovem). Seu “hellocrazypeople!”, a maneira irreverente como saudava os ouvintes, tornou-se marca registrada de um estilo próprio, descontraído, diferente da voz impostada dos locutores de então. Nos bailes “da pesada”, promovidos em diversos lugares da cidade, como o Canecão e clubes do subúrbio, Big Boy apresentava as principais novidades da música pop. Nos anos 1970, ele ajudou a divulgar para o público brasileiro a explosão da black music e do funk no exterior.
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