O projeto tem como objetivo criar espaços de escuta e debate sobre as experiências históricas da comunidade LGBTQIA+ no Brasil durante a ditadura militar, com ênfase especial em São Paulo. Busca também fortalecer as articulações comunitárias para o compartilhamento e reconhecimento dessas memórias. Ao valorizar as histórias de vida, reconhecemos que elas revelam aspectos essenciais para compreender os desdobramentos das ações do Estado e das políticas públicas na rotina dos brasileiros ao longo do regime.
As atividades foram realizadas nos municípios de Campinas, Santos e São Paulo, contaram com relatos de Rose Abreu, Gretta Star e Kelly Cunha.
Essas ações fazem parte de um projeto que visa promover o compartilhamento e o reconhecimento dessas memórias, destacando que as narrativas pessoais são fundamentais para uma análise crítica dos efeitos das ações do Estado na vida cotidiana da população durante o período autoritário.
O projeto foi viabilizado através do Termo de Fomento nº162/2024, com o apoio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.
Depoimentos em Vídeo
Os vídeos a seguir apresentam relatos que abordam o cotidiano de pessoas LGBTQIA+ durante a ditadura e contribuem para enriquecer o registro da memória social brasileira.
Rose Abreu é lésbica, tem 58 anos e mora em Paulínia-SP. Sua militância começou na adolescência, quando se juntou ao grêmio estudantil da escola onde estudava. Também participou da campanha pelas Diretas Já e atuou no movimento estudantil junto à Convergência Socialista. Criadora da Revista G, a primeira publicação LGBT de Campinas. Seguirá na luta até o fim da vida.
Gretta nasceu em Santos/SP. Em 1974, mudou-se para São Paulo para estudar e trabalhar, onde iniciou o seu processo de transição de gênero. A partir de 1979, ela começou a apresentar-se como artista transformista e trabalhou em casas noturnas como a Pink Panther, Nostro Mondo, Corintho e Homo Sapiens. Em meados dos anos 1980 mudou-se para o Japão e passou a se apresentar em diversos países da Ásia. Voltando ao Brasil, participou ativamente da organização da Parada do Orgulho LGBT e envolveu-se diretamente em campanhas de acolhida de mulheres transexuais e pela conscientização sobre o HIV/Aids.
Natural de São Paulo (SP), Kelly começou a trabalhar como cabeleireira na adolescência. Em 1968, ganhou seu primeiro concurso de miss, tornando-se Miss Broto Paulista. Em 1970, participou da montagem paulistana do espetáculo “Les Girls”, que reunia em seu elenco as principais estrelas do teatro de revista do país. Em 1972, foi a primeira Miss Boneca Internacional, representando o Brasil. Em paralelo, iniciou sua carreira como artista da noite, na Nostro Mondo e na Medieval, despedindo-se dos palcos em 1984. Dedicou-se ao ofício de cabeleireira, tendo entre seus clientes alguns dos principais nomes do entretenimento brasileiro como: Rogeria, Ronnie Von, Roberta Close, Marisa Orth, entre outros.
Material Complementar
O projeto também conta com um material em PDF que reúne a relatoria ilustrada de cada testemunho. Confira abaixo.