David de Souza Meira morreu no dia 1 o de abril de 1968, conhecido como o Dia Nacional do Protesto, após ter sido atingido por disparo de arma de fogo durante uma manifestação pública no Centro do Rio de Janeiro contra a morte do estudante Edson Luiz, ocorrida em março daquele ano. A passeata, que ocorreu no dia do quarto aniversário do Golpe Militar, desdobrou-se em diversos outros protestos em vários pontos do Rio de Janeiro e também em outras cidades do país. Embora os protestos tenham sido proibidos, os estudantes conseguiram paralisar por algumas horas o centro do Rio de Janeiro. Organizados na forma de piquetes, os manifestantes tentaram enfrentar a repressão imposta pela Polícia Militar, principalmente nas proximidades do antigo edifício do Ministério da Educação, onde ocorreu o tiroteio em que David foi atingido. Diante das circunstâncias, o Ministro da Justiça, Gama e Silva, solicitou a intervenção do I Exército, ao que se seguiu a ocupação militar do centro da cidade, por volta das 22h30. Mil e duzentos soldados do 2º Batalhão de Infantaria Blindada foram deslocados para a área, bem como cinco carros de combate, oito carros de assalto e dois jipes de comando. Em momentos depois, conseguiram dispersar os manifestantes, esvaziando a região da Cinelândia. Ao mesmo tempo, militares e soldados da Polícia Militar ocuparam também a Praça Serzedelo Corrêa e o Largo de São Francisco. De acordo com o levantamento feito à época, 26 pessoas (todas elas civis) precisaram ser atendidas nos hospitais Souza Aguiar e Miguel Couto. Consta do auto de exame cadavérico ferimento na altura do tórax cujas características indicam que tenha sido produzido por projetil de arma de fogo. A certidão de óbito, por sua vez, declara que a morte de David decorreu de “ferimento penetrante no tórax por projétil de arma de fogo, determinando lesão no pulmão”. Os restos mortais de David de Souza Meira foram enterrados no Cemitério de Inhaúma, no Rio de Janeiro.
Diante das investigações realizadas, conclui-se que David de Souza Meira morreu em decorrência de ação perpetrada por agentes do Estado brasileiro em se que dispararam armas de fogo contra cidadãos desarmados, em contexto de sistemáticas violações de direitos humanos promovidas pela ditadura militar, implantada no país a partir de abril de 1964. Recomenda-se a continuidade das investigações sobre as circunstâncias do caso, para a identificação e responsabilização dos demais agentes envolvidos.