Francisco Tenório Júnior foi pianista brasileiro, desaparecido misteriosamente em Buenos Aires, na Argentina, no dia 18 de março de 1976, enquanto acompanhava os artistas Toquinho e Vinícius de Moraes num show naquele país. Foi considerado um dos músicos mais importantes da bossa nova.
Na ocasião, deixou no hotel um bilhete no qual estava escrito: “Vou sair pra comprar cigarro e um remédio. Volto logo”. Nunca mais voltou. Sequestrado, torturado e morto com um tiro na cabeça, Francisco Tenório, o Tenorinho, tinha 33 anos. A princípio, não se sabia se ele estava em alguma prisão argentina ou morto.
Dez anos após seu desaparecimento, Claudio Vallejos, torturador e ex-integrante do serviço secreto da Marinha argentina, revelou à Revista Senhor que Tenorinho tinha sido preso na rua por uma patrulha do regime militar. Abordado por agentes da repressão de uma ditadura que estava prestes a ser instaurada, o pianista foi confundido com um ativista político e colocado num Ford Falcon verde enquanto caminhava a poucos metros do hotel Normandie.
Segundo Vallejos, Tenório foi levado para a Escola Superior de Mecânica da Armada (Esma), principal centro de tortura do Exército argentino em Buenos Aires, onde foi brutalmente torturado. Quando se deram conta de que ele não era um militante, Tenorinho estava tão machucado que os repressores decidiram matá-lo.
O Estado brasileiro utilizou uma série de mecanismos para amedrontar a população, sobretudo aqueles que não estivessem de acordo com as medidas ditatoriais. Conheça os reflexos do aparato repressivo e os focos de resistência na sociedade.