Jane Vanini viveu em São Luiz de Cáceres (MT) até 1967, quando se mudou para São Paulo e começou a estudar Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP), onde iniciou sua militância no movimento estudantil. Nesse período, conheceu o jornalista Sérgio Capozzi, também militante e que viria a ser seu companheiro. Em 1968, ingressou na Ação Libertadora Nacional (ALN). Junto com Capozzi, entraram para a clandestinidade, em 1970, e viajaram para Cuba.
No país caribenho, participaram da fundação do Movimento de Libertação Popular (Molipo). Voltaram ao Brasil em 1971, quando aderiram à guerrilha na cidade de Araguaína (GO). Com a prisão de um dos líderes da Molipo, Ruy Carlos Berbet, iniciou-se a perseguição aos militantes da organização. Jane e Capozzi se exilaram no Chile, país que, naquele momento, vivia o governo da Unidade Popular, com Salvador Allende.
No país sul-americano, Jane entrou para o Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR, pela sigla em espanhol). Após o golpe militar de Augusto Pinochet, em 1973, Jane voltou à clandestinidade já com um novo companheiro, o chileno José Carrasco Tapia, o Pepe. O casal decidiu então sair de Santiago e se refugiar em Concepción. Na noite de 6 de dezembro de 1974, Jane foi assassinada pelas forças repressoras em sua casa.
Segundo o livro Luta: substantivo feminino, Jane resistiu por quatro horas. Os policiais da Direção de Inteligência Nacional (Dina) chegaram a pensar que havia vários militantes dentro da casa. Ali, deixou um bilhete a Pepe: “Perdão, meu amor, foi a última tentativa de te salvar”. Sua família soube de seu desfecho após ser contatada por Pepe, que estava preso. Posteriormente, ele foi libertado e assassinado em 1986 pela ditadura.
O Estado chileno reconheceu que Jane havia sido vítima de violações de direitos humanos no Chile apenas em 1993. Em 2005, as autoridades chilenas localizaram os restos mortais de Jane num cemitério clandestino. O corpo foi trazido ao Brasil e seus familiares puderam, enfim, dar-lhe um funeral.
O Estado brasileiro utilizou uma série de mecanismos para amedrontar a população, sobretudo aqueles que não estivessem de acordo com as medidas ditatoriais. Conheça os reflexos do aparato repressivo e os focos de resistência na sociedade.