Roberto de Oliveira Campos foi um dos economistas mais importantes e controversos do Brasil na segunda metade do século XX. Sua inserção institucional se deu ainda no governo de Getúlio Vargas, quando despontou no cenário econômico como um dos criadores do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Outra passagem importante do economista foi pelo governo de Juscelino Kubitschek, quando auxiliou na articulação do Plano de Metas. Nessa época Roberto Campos recebeu a alcunha de “Bob Fields”, em referência a seu entusiasmo com as políticas econômicas dos EUA após a Segunda Guerra.
Quando irrompeu o golpe, Campos era embaixador do Brasil em Washington. Por seu apoio declarado à tomada de poder pelos militares, foi chamado pelo presidente Castelo Branco para assumir o Ministério do Planejamento. Na década de 1980, foi um dos que votou contra as eleições diretas e a favor de Paulo Maluf no colégio eleitoral que escolheu Tancredo Neves como presidente da República. Era um antiesquerdista convicto. Certa vez afirmou: “É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram três coisas que só o capitalismo pode dar: bons cachês em moeda forte, ausência de censura e consumismo burguês. Trata-se de filho de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola”. Ironia do destino, em 1999 assumiu a cadeira número 21 da Academia Brasileira de Letras (ABL), anteriormente ocupada pelo escritor e dramaturgo comunista Dias Gomes.