Roberto Carlos

Ninguém é rei impunemente. Roberto Carlos que o diga. Nascido em Cachoeiro de Itapemirim (ES) e radicado em Niterói (RJ), o rei começou a cantar rock na adolescência junto com Jorge Ben, Tim Maia e Erasmo Carlos. Quando convidado a participar do programa Clube do Rock, na TV Tupi, era chamado de “Elvis brasileiro” por Carlos Imperial.

No início dos anos 1960, Roberto e Erasmo embarcaram na onda do iê-iê-iê e emplacaram sucessos como “Splish Splash” e “É Proibido Fumar”. Roberto já era um fenômeno nacional em 1964. No ano seguinte, junto com Erasmo e Wanderléia, foi convidado para apresentar o programa Jovem Guarda, na TV Record. O título brincava com a expressão velha guarda e logo batizou o movimento musical conduzido por aquela turma, caracterizado por um rock ingênuo, romântico e dançante. A guinada veio com o hit “Quero que Vá Tudo pro Inferno”.

A essa altura, Roberto havia se tornado o maior vendedor de discos do Brasil. Providencialmente, a ditadura tratou de se aproveitar de sua fama. E vice-versa. Em 1968, por exemplo, o cantor faria sua estreia nos cinemas com o filme Roberto Carlos em Ritmo de Aventura, de Roberto Farias, mas o trailer fora vetado pela censura por razões burocráticas: os produtores não enviaram a tempo uma cópia integral do filme, exigência para liberar o trailer. O ministro Gama e Silva interveio, alegando que o protagonista era “o mais admirado e popular artista brasileiro”.

Entre 1971 e 1972, por sua vez, Roberto cantou algumas vezes nas Olimpíadas do Exército. Ganhou honrarias militares, apareceu num programa de TV em homenagem aos 11 anos do golpe, em 1975, até ser agraciado com uma concessão de rádio, em 1980.

Ao mesmo tempo, era admirado pelos tropicalistas, fora citado em “Baby”, compusera “Meu Nome é Gal” em retribuição, e chegou a gravar algumas canções que veiculavam aspirações democráticos nas entrelinhas. Em 1971, por exemplo, visitou Caetano Veloso durante seu exílio em Londres e voltou inspirado para compor a bela “Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos”, que vaticinava a anistia: “Um dia vou ver você / chegando num sorriso / beijando a areia branca / que é seu paraíso”. No mesmo disco em que a gravou, no fim daquele ano, Roberto canta “Como Dois e Dois”, feita pelo artista baiano especialmente para o rei. Seus versos flertavam com o protesto: “Quando você me ouvir cantar / Tente, não cante, não conte comigo / Falo, não calo, não falo, deixo sangrar…”. Ao longo de sua carreira, ultrapassaria a marca de 100 milhões de discos vendidos.

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