Atuação Profissional
estudanteOrganização
Partido Comunista do Brasil (PCdoB)Filiação
Eloah Cunha Brum e Lino Cunha BrumData e Local de Nascimento
3/2/1943, em São Sepé (RS)Data e Local de Morte
Desaparecimento em 27/2/1974, Xambioá (TO)Conforme o livro “Dossiê Ditadura”, em documento organizado pela ABIN, de 2005, consta que o nome de Cilon da Cunha Brum estava presente em uma lista de procurados do Destacamento de Operações e Informações do Centro de Operações de Defesa Interna do II Exército (DOI-CODI/IIEx) desde setembro de 1972.
Em memorial feito pelos familiares e presente no processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos, infere-se haver fortes indícios de que ele foi morto em dezembro de 1973, em episódio conhecido como “Chafurdo de Natal”. Porém, os fatos referidos no “Relatório Arroyo” afirmam que Cilon estava vivo em 30 de dezembro de 1973. Da mesma forma, o livro “Dossiê Ditadura” relata o depoimento prestado ao Ministério Público Federal em 2001, por Pedro Ribeiro Alves (Pedro Galego), ex-guia do Exército, no qual ele afirma ter visto vivos Batista, Áurea, Simão (Cilon) e Josias, no acampamento do Exército, em Xambioá (TO).
O relato de Pedro Galego indica que Cilon não morreu no dia 25 de dezembro de 1973 e que estava sob custódia do Exército Brasileiro antes de seu desaparecimento. Ainda de acordo com o Dossiê Ditadura, artigo publicado no Jornal No Mínimo em 20 de janeiro de 2005, assinado por Vasconcelos Quadros, afirma que Cilon teria sido visto por “Jonas”, que sobreviveu à prisão, na Base de Xambioá (TO): “conta ter convivido na base militar de Xambioá com outros dois guerrilheiros que estão desaparecidos. Um deles foi Cilon da Cunha Brum, conhecido por ‘Comprido’ ou ‘Simão’, natural de São Sepé, no Rio Grande do Sul, ex-estudante de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, preso e desaparecido desde o Natal de 1973.”
No Relatório da Marinha, entregue ao ministro da Justiça em 1993, a versão estabelecida é de que Cilon foi morto em 27 de fevereiro de 1974 por seus companheiros, em uma ação de ‘justiçamento’. No Relatório do Centro de Informações do Exército, de 1975, a mesma data de morte é confirmada, sem menção às circunstâncias nas quais teria se dado o evento (Arquivo Nacional, SNI: BR_DFANBSB_V8_AC_ACE_54730_86_002 p. 34).
Já nas informações do “Arquivo Curió”, contidas no livro “Documentos do SNI: Os mortos e Desaparecidos na Guerrilha do Araguaia”, consta que Cilon foi preso e executado em janeiro de 1974. Em requerimento de 1990, após recorrentes pedidos de informações sobre seu desaparecimento ao Estado, a família de Cilon Cunha Brum solicitou que o Ministério da Justiça investigasse as informações que tiveram contato, de que os restos mortais de Cilon estariam entre as ossadas encontradas no cemitério Dom Bosco, de Perus, São Paulo. Em resposta, o Ministério da Justiça disse ter solicitado que o Departamento de Polícia Federal apurasse o caso. Porém, não houve resposta definitiva sobre a localização dos restos mortais de Cilon.
Cilon Cunha Brum é considerado desaparecido político por não terem sido entregues os restos mortais aos seus familiares, o que não permitiu o seu sepultamento até os dias de hoje.
Conforme o exposto na Sentença da Corte Interamericana no caso Gomes Lund e outros, “o ato de desaparecimento e sua execução se iniciam com a privação da liberdade da pessoa e a subsequente falta de informação sobre seu destino, e permanece enquanto não se conheça o paradeiro da pessoa desaparecida e se determine com certeza sua identidade”, sendo que o Estado “tem o dever de investigar e, eventualmente, punir os responsáveis”.
Assim, recomenda-se a continuidade das investigações sobre as circunstâncias do caso de Cilon Cunha Brum, localização de seus restos mortais, retificação da certidão de óbito, identificação e responsabilização dos demais agentes envolvidos no caso, conforme sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos que obriga o Estado Brasileiro “a investigar os fatos, julgar e, se for o caso, punir os responsáveis e de determinar o paradeiro das vítimas.”
O Estado brasileiro utilizou uma série de mecanismos para amedrontar a população, sobretudo aqueles que não estivessem de acordo com as medidas ditatoriais. Conheça os reflexos do aparato repressivo e os focos de resistência na sociedade.