Atuação Profissional
Estudante universitárioOrganização
Partido Comunista Revolucionário (PCR)Filiação
Joana Elias Bezerra e Luís Elias dos SantosData e Local de Nascimento
17/06/1947, São Bento do Norte (RN)Data e Local de Morte
04/09/1973, São Paulo (SP)Emmanuel Bezerra dos Santos morreu em 4 de setembro de 1973, junto a Manoel Lisboa de Moura, na cidade de São Paulo.
De acordo com a versão oficial, tanto Emmanuel quanto Manoel foram mortos em um tiroteio com agentes policiais. Segundo esta versão, observada no relatório do Inquérito Policial, do Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (Dops), Manoel teria informado à polícia um encontro com Emmanuel, recém chegado do Chile, no dia 4 de setembro de 1973, no Largo de Moema, em São Paulo.
Os agentes da repressão então montaram uma emboscada e aguardaram a chegada de Emmanuel. Ainda de acordo com esta versão, logo após o avistarem, deram-lhe voz de prisão e, neste instante, ele teria atirado nos agentes, que reagiram, desferindo tiros na direção dos dois. Emmanuel e Manoel teriam morrido quando estavam sendo levados para o Hospital de Clínicas. Tal versão ainda é apresentada na requisição do exame necroscópico de Emmanuel, assinada pelo delegado Edsel Magnotti, no laudo de exame de corpo de delito, assinada pelos médicos legistas Harry Shibata e Armando Cânger Rodrigues e, anos depois, no relatório do Ministério da Aeronáutica enviado ao Ministério da Justiça, em 1993, que reafirma a versão de que os dois militantes teriam sido mortos em um suposto confronto com os agentes dos órgãos de segurança.
Emmanuel e Manoel foram presos em Recife (PE), no dia 16 de agosto de 1973. Emmanuel foi levado para o Dops-PE e transferido para São Paulo pelo policial Luiz Miranda, e entregue ao delegado Sérgio Fleury. Em São Paulo, segundo denúncia de presos políticos na época, Emmanuel foi morto sob torturas no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI-SP), ocasião em que o mutilaram, arrancando-lhe os dedos, umbigo, testículos e pênis.
Em depoimento à Comissão Estadual da Verdade do Estado de São Paulo, prestado durante audiência pública no dia 6 de setembro de 2013, o ex-preso político Edival Nunes Cajá destacou o fato de que as forças de repressão montaram uma farsa para encobrir as mortes dos referidos militantes em dependências do Estado. Os dois militantes foram enterrados como indigentes no Cemitério de Campo Grande, em São Paulo.
Em 1992, seus restos mortais foram exumados. Neste mesmo ano, em 12 de julho, Dom Paulo Evaristo Arns celebrou missa na Catedral da Sé em homenagem a Emmanuel e também em homenagem a Helber José Gomes Goulart e Frederico Eduardo Mayr, situação em que estavam presentes os restos mortais identificados de todos esses militantes. No dia seguinte, sua ossada foi enviada para Natal (RN).
O corpo de Emmanuel Bezerra dos Santos foi sepultado no dia 14 de julho em na sua cidade, São Bento do Norte (RN).
Diante das circunstâncias do caso e das investigações realizadas, conclui-se que Emmanuel Bezerra dos Santos morreu em decorrência de ação perpetrada por agentes do Estado brasileiro, em um contexto de sistemáticas violações de direitos humanos promovido pela Ditadura Militar implantada no país a partir de abril de 1964.
Recomenda-se a retificação do atestado de óbito de Emmanuel Bezerra dos Santos, assim como a continuidade das investigações sobre as circunstâncias do caso, e identificação dos demais agentes envolvidos e suas responsabilizações.
O Estado brasileiro utilizou uma série de mecanismos para amedrontar a população, sobretudo aqueles que não estivessem de acordo com as medidas ditatoriais. Conheça os reflexos do aparato repressivo e os focos de resistência na sociedade.