Atuação Profissional
professorOrganização
Ação Libertadora Nacional (ALN)Filiação
Mery Menezes e Domingos de AraújoData e Local de Nascimento
4/1/1949, Alto Paraguai (MT)Data e Local de Morte
Desaparecimento em 14/4/1973, Rio de Janeiro (RJ)Merival Araújo morreu em 14 de abril de 1973, no Rio de Janeiro. Em 7 de abril de 1973, foi preso na rua das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, sob uma suposta emboscada envolvendo agentes do DOI-CODI e seu então amigo, o professor Francisco Jacques Moreira de Alvarenga, militante da RAN (Resistência Armada Nacional). A situação fora forjada quando, dois dias antes, Jacques encontrava-se preso e, coagido a colaborar, participou da montagem junto com os policiais.
Merival, então um dos comandantes da ALN, havia combinado com Jacques a busca de algumas armas para a militância que estavam em sua posse. De acordo com relato de Jacques ao seu colega Rubim Santos Leão de Aquino, inserido no processo da CEMDP, ao perceber movimentações estranhas no momento das negociações, Merival tentou fugir. Detido, fora então levado ao DOI-CODI, onde lá permaneceu preso e foi torturado até a morte. No entanto, versões oficiais dos órgãos de segurança atestam que Merival teria sido morto ao resistir à prisão.
Segundo depoimento do general Adyr Fiuza de Castro, houve resistência por parte de Merival que chegou a ferir um dos agentes. Outro policial que, à paisana, acompanhava as movimentações quebrara seu pescoço, matando-o na hora. O relato tinha o intuito de legitimar a versão de morte envolvendo “combate de rua”.
Jornais publicados à época atestam em parte essa versão, afirmando que Merival teria morrido em confronto com as forças de segurança. Já o Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos a partir de 1964, afirma que a prisão também foi testemunhada por moradores da região, contrariando a versão oficial de que Merival teria sido morto ao resistir à prisão.
Uma semana depois de ter sido preso no dia 14 de abril de 1973, seu corpo deu entrada no Instituto Médico Legal (IML) como “desconhecido”, sob a justificativa de que teria sido morto em tiroteio na Praça Tabatinga. Auto de Exame Cadavérico realizado pelos legistas Roberto Blanco dos Santos e Hélder Machado Paupério descrevem escoriações pelo corpo.
Já seu atestado de óbito atesta como a causa da morte, “ferimento penetrante do tórax com transfixão dos pulmões, hemorragia interna e anemia aguda consecutiva”. No entanto, as fotos da perícia anexadas ao laudo mostram fortes indícios de marcas de tortura, chegando a faltar alguns pedaços da pele nos braços e pernas de Merival. Ações violentas não são descritas no documento da necropsia.
Merival foi sepultado como indigente no dia 24 de maio de 1973, dez dias após a suposta data de sua morte, no Cemitério de Ricardo de Albuquerque. Quase cinco anos depois, seus restos mortais foram destinados a um ossário geral e, entre 1980 e 1981, transferidos para uma vala clandestina.
Diante das investigações realizadas, conclui-se que Merival Araújo morreu em decorrência de ação perpetrada por agentes do Estado brasileiro, em contexto de sistemáticas violações de direitos humanos promovidas pela ditadura militar, implantada no país a partir de abril de 1964.
Recomenda-se a continuidade das investigações sobre as circunstâncias do caso, para a identificação e responsabilização dos demais agentes envolvidos.
O Estado brasileiro utilizou uma série de mecanismos para amedrontar a população, sobretudo aqueles que não estivessem de acordo com as medidas ditatoriais. Conheça os reflexos do aparato repressivo e os focos de resistência na sociedade.