Madre Maurina foi a única freira presa e torturada durante o período ditatorial do Brasil. Em outubro de 1969, foi presa em frente ao orfanato para meninas do qual era diretora, o Lar Santana, em Ribeirão Preto, sob suspeita de abrigar membros do grupo guerrilheiro Forças Armadas da Libertação Nacional (Faln), que ela havia pensado que faziam parte do Movimento Estudantil Jovem (MEJ).
Passou por cinco meses de tortura, sob o comando do delegado Sérgio Paranhos Fleury, que ia de tapas a choques elétricos, e boatos de estupro e gravidez, negados pela madre, mas que até hoje são alvos de dúvida.
Por sua tortura e prisão, os delegados Renato Ribeiro Soares e Miguel Lamano foram excomungados pelo frei Felício da Cunha. Depois desse episódio, Madre Maurina não foi mais torturada. Pesquisadores do período dizem que essa ação surtiu efeito, pois boa parte dos militares era católica e, por incrível que pareça, temiam tal punição. A revista Veja apontou Lamano como o 12º maior torturador da época da ditadura militar.
A freira, membro da Congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição, passou pelo quartel de Ribeirão Preto, presídio em Cravinhos, Presídio Tiradentes e pela penitenciária feminina do Tremembé, onde soube de seu exílio forçado para o México, em 1970, em troca do cônsul japonês Nabuo Okuchi, que havia sido sequestrado pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).
Voltou ao Brasil 15 anos depois, em 1985. Sofrendo de Alzheimer, Madre Maurina morreu aos 84 anos, em 2011, em Araraquara.
Livros
“Sombras da Repressão: o Outono de Maurina Borges”, de Matilde Leone.
“Imaculada”, de Denise Assis.