Maria Auxiliadora Lara Barcelos era integrante da organização Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) e foi presa no dia 21 de novembro de 1969, com Antônio Roberto Espinoza e Chael Charles Schreier. Dora, ou Dodora, como era chamada, e Chael foram vítimas de torturas severas. Ela passou por choques elétricos e palmatórias nos seios e Chael morreu, por conta dos pontapés levados, 24 horas após os maus tratos.
Depois do sequestro do embaixador suíço no Brasil, Giovanni Bucher, Dora entrou na lista dos 70 presos políticos banidos para o Chile como moeda de troca. Lá, ela deu suas declarações sobre as torturas sofridas no Deops a um documentário intitulado Brazil: A Report on Torture (1971). Após o governo do ditador Augusto Pinochet ter impedido que ela continuasse seus estudos no Chile, Dora migrou para a Bélgica e conseguiu asilo político na Alemanha Oriental, em 1974.
Em 1976, precisou ser internada numa clínica psiquiátrica em Spandau devido a problemas de amnésia. Embora tenha recebido alta, atirou-se nos trilhos de um trem na estação de metrô Charlottenburg, em Berlim Ocidental, em 1º de junho de 1976, morrendo instantaneamente.
O Estado brasileiro utilizou uma série de mecanismos para amedrontar a população, sobretudo aqueles que não estivessem de acordo com as medidas ditatoriais. Conheça os reflexos do aparato repressivo e os focos de resistência na sociedade.