Miguel Arraes foi advogado, economista e político. Filiado ao Partido Social Trabalhista (PST), aliado do ex-presidente João Goulart, exercia seu primeiro mandato como governador de Pernambuco, quando, no dia 1º de abril de 1964, foi deposto pelo Exército brasileiro.
Antes do golpe, sua gestão foi marcada pelo apoio à população mais pobre e enfrentamento aos abusos trabalhistas de usineiros na região. Preso e enviado à detenção na ilha de Fernando de Noronha, cerca de um ano e meio depois, teve acatado um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). Daí partiu para o exílio.
Rejeitado na França e tendo tido uma tentativa frustrada de ida ao Chile – que também viveria um golpe de Estado em 1973 – Miguel Arraes foi recebido na Argélia, no norte da África, em 1965. Ali permaneceu por 14 anos.
Durante o período de exílio, continuou sendo vítima dos abusos da ditadura no Brasil. Teve a casa invadida por civis armados à procura de seus documentos pessoais e, mesmo em outro continente, foi condenado à revelia, pela Justiça brasileira pelo crime de “subversão”, em março de 1967. A pena prevista era de 23 anos de prisão.
Voltou ao Brasil em 1979, beneficiado pela anistia política. Em 1982, elegeu-se deputado federal pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Em 1986, ainda filiado ao PMDB, Miguel Arraes foi eleito pela segunda vez governador de Pernambuco.
Em 1990 fundou o Partido Socialista Brasileiro (PSB), pelo qual conseguiu, por mais uma vez, ser eleito deputado federal. Foi governador pela terceira ocasião em 1994, ao derrotar o segundo colocado no pleito com uma diferença de mais de 300 mil votos. Em 1998, perdeu as eleições e não conseguiu se reeleger. Em 2002, foi eleito mais uma vez deputado federal.
Morreu aos 88 anos, em 2005, no exercício de seu último mandato político. Três anos depois, em 2008, sua viúva Magdalena Arraes criou o Instituto Miguel Arraes com o objetivo de preservar a memória do ex-governador.