Apontado por ex-presos políticos como “Capitão Ubirajara”, quando comandava interrogatórios no DOI-Codi de São Paulo, Aparecido Laertes Calandra é delegado aposentado da Polícia Civil paulista. Seu nome consta dos relatórios do grupo Tortura Nunca Mais e do “Dossiê dos mortos e desaparecidos políticos a partir de 1964”, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, sempre associado a torturas e assassinatos de opositores da ditadura militar.
Segundo relatório do DOI-Codi de 1975, citado pelo jornalista Elio Gaspari no livro “A ditadura escancarada”, em cinco anos pelo menos dois presos políticos haviam morrido após serem torturados pela equipe de Calandra: Hiroaki Torigoe, do Movimento de Libertação Popular (Molipo), e Carlos Nicolau Danielli, do PCdoB.
De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo de abril de 2003, em 1983, Calandra foi trabalhar com o então senador Romeu Tuma na Superintendência da Polícia Federal (PF) em São Paulo. Sua função era cuidar dos arquivos da polícia política paulista, transferidos para a PF pouco antes de o então governador Franco Montoro extinguir o Dops. Suspeita-se que, durante o período que permaneceu por lá, muitas informações desapareceram.
Em abril de 2003, o então secretário nacional de Direitos Humanos Nilmário Miranda descobriu que Calandra ocupava um cargo de confiança no Departamento de Inteligência da Polícia Civil, o que gerou manifestações de protesto de organizações de direitos humanos.
Em 31 de março de 2014, o ex-delegado foi alvo de um escracho promovido pelo Levante Popular da Juventude em frente a sua casa no bairro do Ipiranga, em São Paulo.