João Bosco Nacif da Silva era médico-legista da polícia civil na ditadura militar. Ele é acusado no livro Brasil: Nunca Mais! de ter encoberto a real causa da morte do ex-sargento João Lucas Alves, preso em 1969 na Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Belo Horizonte, por lutar contra o regime militar. Segundo o atestado de óbito assinado pelos doutores João Bosco Nacif da Silva e Djezzar Gonçalves Leite, o ex-sargento morreu no dia 6 de março por asfixia mecânica decorrente de suicídio por enforcamento.
Em 1970, o estudante Afonso Celso Lana Leite e o motorista de ônibus Antonio Pereira Mattos denunciaram que João Lucas Alves morreu em decorrência das torturas sofridas nas dependências da delegacia mineira. O atestado de óbito assinado por João Bosco Nacif da Silva, apesar de dar como causa da morte a asfixia por enforcamento, ainda descrevia escoriações no braço esquerdo, no pé direito e na região glútea, assim como a falta de uma unha e cianose em outras.
Seis anos após a morte, a família de João Lucas Alves conseguiu a exumação do corpo. Segundo a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, as fotos do corpo revelaram evidências claras de tortura: unhas arrancadas, escoriações e equimoses ao longo do corpo, inclusive no rosto e nas nádegas, não demonstrando qualquer indício do suposto suicídio por enforcamento.