Paulo Malhães, tenente-coronel reformado, foi agente do Centro de Informações do Exército (CIE) durante a ditadura militar. Foi integrante também do Movimento Anticomunista (MAC).
Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV), no dia 25 de março de 2014, Malhães admitiu envolvimento em torturas, mortes e ocultação de corpos de vítimas da ditadura. E deu detalhes de como funcionava a chamada Casa da Morte, em Petrópolis (RJ), um centro clandestino de torturas onde foram mortas cerca de 20 pessoas. Disse, ainda, que não se arrependia de nada: “Eu cumpri o meu dever. Não me arrependo”. Uma semana antes de depor, Malhães havia dito ao jornal “O Dia” que participou da ocultação de cadáver do deputado federal Rubens Paiva, mas desmentiu no testemunho à CNV.
Um mês depois de depor à comissão, Malhães foi encontrado morto. Segundo a polícia, no dia 24 de abril três homens invadiram a casa do militar, amarraram sua esposa e o caseiro, e procuraram armas. As primeiras suspeitas da morte foram de queima de arquivo, de que Malhães teria sido assassinado por asfixia. A CNV e a ONU pediram a investigação imediata do caso. Dias depois, a polícia afirmou que o caseiro Rogério Pires planejou a invasão à casa de Malhães com dois irmãos. No entanto, no dia 6 de maio, o caseiro negou ter participado do crime à Comissão de Direitos Humanos do Senado e à Comissão Estadual da Verdade do Rio. No atestado de óbito de Malhães, consta como causa da morte edema pulmonar, isquemia de miocárdio e miocardiopatia hipertrófica.