Sérgio Fernando Paranhos Fleury atuou como delegado do Dops durante a ditadura militar, mais precisamente a partir de 1968. É considerado um dos repressores mais notáveis do período, tendo sido biografado pelo jornalista Percival de Souza na obra “Autópsia do Medo”, lançada em 2000. Fleury é acusado de chefiar os esquadrões da morte que atuavam na periferia de São Paulo, nas décadas de 1960 e 1970. E de ter levado o mesmo modus operandi ao combate a grupos guerrilheiros, conforme ele próprio afirmou em entrevista à Revista Veja, em 12 de novembro de 1969, logo após ter participado da captura do líder da Ação Libertadora Nacional (ALN), Carlos Marighella.
Ainda na década de 1970, Fleury foi alvo de denúncias, por parte dos promotores de Justiça Hélio Bicudo e Dirceu de Mello, por sua atuação nos esquadrões da morte. Foi condenado juntamente com outros policiais, mas absolvido após a promulgação quase imediata da “Lei Fleury” (Lei 1.941), que alterou o Código de Processo Penal e garantiu ao réu primário com bons antecedentes o direito de responder o processo em liberdade.
Fleury também é acusado de envolvimento em diversos outros episódios de sequestro, tortura e assassinato durante a ditadura militar, entre eles os do militante Carlos Lamarca e do dominicano Frei Tito, caso relatado no filme Batismo de sangue. Também participou da prisão de participantes do Congresso de Ibiúna da União Nacional dos Estudantes (UNE) e é apontado como um dos comandantes da Chacina da Lapa, em São Paulo, e da Chacina da Chácara São Bento, no Recife.
Fleury morreu em 1979, num suposto acidente em Ilhabela, no litoral de São Paulo, a bordo de seu iate. O delegado teria, após ingerir elevadas quantidades de álcool, caído ao passar de uma embarcação a outra. Nunca foi realizada uma necropsia de seu corpo. Recentemente, um ex-delegado do Dops, Cláudio Antônio Guerra, afirmou em entrevista aos autores do livro “Memórias de uma guerra suja” que Fleury foi assassinado, numa queima de arquivo, por ordem de um grupo de militares e policiais.