Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, o Capitão Sérgio Macaco, foi um militar da Força Aérea Brasileira (FAB), integrante do esquadrão paraquedista de resgate Para-Sar (“para” de paraquedista e “sar” de “search and rescue”, busca e salvamento). Ele se recusou a cumprir ordens do brigadeiro João Paulo Moreira Burnier, que tinha o plano de explodir o gasômetro do Rio de Janeiro, dinamitar uma represa e jogar 40 líderes políticos no oceano para depois pôr a culpa na esquerda. Na lista dos alvos, estavam Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek, dom Hélder Câmara e o líder estudantil Vladimir Palmeira.
O plano teria sido proposto por Burnier, no dia 12 de junho de 1968, no local onde funcionava o Ministério da Aeronáutica, no Rio de Janeiro. De acordo com estimativas, cerca de 100 mil pessoas morreriam caso o plano fosse levado a cabo. Sérgio, à época com 37 anos, já tinha 6 mil horas de voo e 900 saltos em missões humanitárias, de resgate e socorro em geral, além de quatro medalhas por bravura.
Por conta de sua denúncia, Sérgio foi cassado pelo Ato Institucional Nº 5 (AI-5), em 1969. Apesar de ter sido declarado louco e afastado da carreira, mais tarde o brigadeiro Eduardo Gomes confirmou a existência do plano. Em 1992, o Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu que ele devia ser promovido a brigadeiro, posto que teria alcançado se tivesse permanecido na Aeronáutica, mas morreu sem ver a sentença cumprida, já que o então presidente Itamar Franco protelo sua decisão até poucos dias após Sérgio morrer de câncer de estômago, em 1994.
Três anos depois, sua família foi indenizada pelo governo com o valor relativo às vantagens e soldos que ele deixou de receber entre os anos de 1969 e 1994. Sérgio, conhecido pelos indígenas como “nambiguá caraíba” (homem branco amigo), era admirado pelos irmãos Villas-Boas, pelo médico Noel Nutels e pelo antropólogo Darcy Ribeiro.