Economicamente, é possível afirmar que o golpe de 1964 foi uma resposta à política econômica distributivista de João Goulart. Assim, coube ao governo de Humberto Castelo Branco (1964–1967) o papel de organizar as bases econômicas do novo regime, que foram expressas no Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG).
O PAEG buscava enfrentar os problemas da inflação e do baixo crescimento que acometeram a economia brasileira na primeira metade da década de 1960. O diagnóstico apresentado no plano defendia que havia três problemas a serem resolvidos:
- debilidades do sistema financeiro;
- déficits nas contas do governo;
- distorções da política de reajustes salariais.
Por essa razão, foram realizadas grandes reformas estruturais: sistema financeiro, estrutura tributária e mercado de trabalho.
A reforma do sistema financeiro visou organizar o mercado de capitais, especialmente com a criação do Banco Central do Brasil (1964). Do ponto de vista tributário, a contenção dos déficits fiscais foi alcançada com corte de gastos e aumento de impostos. Jennifer Herman destacou que a carga tributária do país passou de 16% do PIB em 1963 para 21% em 1967. Lara Resende enfatizou a redução da verba dos Ministérios dos Transportes e da Previdência Social, como sintomas do caráter restritivo do ajuste fiscal. Já as reformas do mercado de trabalho consistiram no estabelecimento de novos mecanismos de reajuste salarial: as negociações coletivas, que possibilitaram subestimar a inflação futura e, assim, arrochar o salário de diversas categorias profissionais.
Por fim, as medidas do governo Castelo Branco atingiram seus objetivos. As contas do governo melhoraram, pois o déficit fiscal caiu de 4,2% do PIB em 1963 para 1,1% em 1966 (PATRÍCIO; D’OLIVEIRA. ARAUJO; MATTOS). A inflação caiu de 92% a.a. em 1964 para 25% em 1967, ao passo que a taxa média de crescimento no período foi de 4,2% a.a (MUNHOZ. PATRÍCIO; D’OLIVEIRA. ARAUJO; MATTOS). Contudo, esses resultados positivos foram alcançados com um aumento da desigualdade, como demonstrou Lara Resende, ao assinalar que a participação na renda total dos 50% mais pobres da população brasileira caiu de 17,7%, em 1960, para 14,9% em 1970.