Origens familiares de Vlado e sua trajetória

Origens familiares de Vlado e sua trajetória

“Bem poderia ter sido uma das crianças judias sacrificadas em câmara de gás. Para quem acredita em predestinação, ele teve que sobreviver para que sua estrela, antes de apagar-se, iluminasse os céus do Brasil e os corações de muitos de seus habitantes.”
Trudi Landau, sobre Vladimir Herzog

A partir de uma carta destinada a Vladimir (nascido Vlado) Herzog, escrita em 1968 por seu pai, Zigmund Herzog, é possível conhecer um pouco sobre os primeiros quatro anos de vida de Vlado e a experiência de violência e perseguição pela qual sua família passou na região servia da Bósnia e Herzegovina (à época Iugoslávia), durante o Holocausto. Essa carta, publicada no livro Vlado Herzog — O que faltava contar, de Trudi Landau, detalha os acontecimentos e relata os sofrimentos enfrentados pela família judaica Herzog, que culminaram na chegada como refugiados à Itália e, posteriormente, ao Brasil.

Em 1941, o território iugoslavo foi invadido pelo exército nazista e a cidade de Banja Luka, onde Vlado vivia com seus pais, Zigmund e Zora, foi ocupada e bombardeada. Após a anexação do território à Croácia (aliada da Alemanha), os judeus foram perseguidos e seus bens confiscados. Nesse processo, o comércio e a casa da família Herzog foram tomados pelas novas autoridades, e seus pais forçados a realizar trabalhos não remunerados. Com a escalada da violência e o perigo constante de morte, Zora e Zigmund optaram por fugir, junto do filho, para a Itália, deixando para trás parentes queridos que nunca mais reencontraram e que foram assassinados durante o Holocausto.

Após alguns anos na Itália, com apoio de uma organização judaica dos Estados Unidos, a família mudou-se novamente, em busca de uma nova vida no Brasil, fixando-se em São Paulo.

No Brasil, Vlado concluiu seus estudos, formou-se em Filosofia e construiu uma carreira de destaque como cineasta, professor universitário e jornalista, atuando em diversos órgãos da imprensa, com destaque para o jornal O Estado de S. Paulo, a rádio BBC e a TV Cultura.

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