Atuação Profissional

operário

Organização

Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)

Filiação

Filomena Maria Rosa e Fernando Manoel Cunha

Data e Local de Nascimento

1941, Florianópolis (SC)

Data e Local de Morte

11/2/1969, São Paulo (SP)

Hamilton Fernando Cunha

Hamilton Fernando Cunha

Hamilton Fernando Cunha morreu no dia 11 de fevereiro de 1969.

De acordo com a narrativa apresentada por José Ronaldo Tavares, conhecido como “Roberto Gordo”, Hamilton pediu que ele o acompanhasse até a Gráfica Urupês, onde trabalhava, no dia definido para acertar a sua demissão. Enquanto esperava, José Ronaldo ouviu gritos de Hamilton, e em seguida o viu sendo arrastado por policiais. José Ronaldo reagiu atirando, feriu um policial e em seguida fugiu do local.

De acordo com a narrativa apresentada pelas forças de segurança do Estado durante o regime militar, os investigadores Benedito Caetano e Teles, do Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (DOPS-SP), teriam ido à Gráfica Urupês com o objetivo de deter Hamilton Fernando, que ao ser abordado pelos agentes teria começado a se debater e a gritar por ajuda. Nesse instante, segundo o documento produzido pelo DOPS-SP, “um elemento desconhecido” (provavelmente, José Ronaldo), que havia acompanhado Hamilton até a empresa, teria entrado empunhando uma arma e, em seguida, teria atirado contra o investigador Benedito Caetano, que para se defender teria feito Hamilton de escudo.

Em depoimento a Nilmário Miranda, membro da CEMDP, José Ronaldo confirmou que esperou Hamilton na recepção da gráfica por algum tempo e estranhou a demora do companheiro em retornar, já que ele havia dito que os detalhes da demissão já estavam acertados e que seria rápido. Instantes depois, ouviu o companheiro gritando por ajuda e o viu sendo carregado por policiais. Tentou retirá-lo dos agentes e em seguida, segundo relatou, realizou um disparo, ressaltando ter desferido apenas um tiro que atingiu um dos policiais.

Pedro Lobo de Oliveira, sargento da Polícia Militar de São Paulo, foi expulso da instituição após o golpe militar de abril de 1964 e encontrava-se preso nas dependências do DOPS na ocasião dos fatos que culminaram com a morte de Hamilton Fernando. Em depoimento à CEMDP, afirmou que presenciou o momento em que o investigador Caetano retornou da operação cujo objetivo era prender Hamilton, apresentando um ferimento embaixo do braço. O policial militar afirma que ouviu o agente do DOPS confessar que foi ele quem matou Hamilton Fernando, e não José Ronaldo: “Foi o Roberto Gordo que me acertou, mas ainda bem que eu apaguei o Escoteiro”.

Outro indício de que a versão oficial dos fatos é falsa é um documento, produzido pelo Serviço Secreto do DOPS, informando que Hamilton foi morto durante uma diligência policial. De acordo com o laudo de necropsia, Hamilton Fernando teria morrido às 16h. Entretanto, seu corpo só deu entrada no Instituto Médico-Legal (IML) às 23h. O laudo necroscópico informa que Hamilton foi atingido por um único tiro, sem descrever os edemas na face e na fronte, as equimoses e ferimentos visíveis na foto do corpo de Hamilton.

No dia 18 de fevereiro de 1969, a irmã de Hamilton, Nilsa Cunha, foi intimada por dois investigadores do DOPS para ir ao IML reconhecer o corpo de Hamilton. Na ocasião, ela perguntou aos policiais como seu irmão havia morrido, ao que os agentes responderam dizendo que ela não deveria fazer perguntas e que apenas deveria acompanhá-los até o IML. Os agentes não permitiram que ela e seu outro irmão, que a acompanhava, organizassem o enterro de Hamilton.

No dia marcado pelo DOPS para a realização do sepultamento, os presentes foram escoltados por quatro policiais e os amigos tiveram que acompanhar o cortejo a distância. Os restos mortais de Hamilton Fernando Cunha foram enterrados no cemitério de Vila Formosa, em São Paulo.

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