Isaac Abramovitch foi médico-legista do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo durante o período da ditadura militar. É acusado de assinar laudos falsos das mortes de militantes políticos assassinados sob tortura nos órgãos de repressão.
Seu nome aparece diversas vezes no “Dossiê dos mortos e desaparecidos políticos a partir de 1964”, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, dando aval à versão da ditadura sobre o assassinato de opositores do regime. De acordo com o dossiê, ele assina os exames necroscópicos de, entre outros, Alexandre Vanucchi Leme, Antônio Benetazzo, Carlos Nicolau Danielli, Gelson Reicher e Luiz Eduardo Merlino.
Cecília Coimbra, presidente do grupo Tortura Nunca Mais, aponta que Abramovitch era da equipe de Harry Shibata, também acusado de assinar laudos falsos. Em 1979, familiares de Alexandre Vanucchi Leme, morto em 1973, entraram com um processo contra Abramovitch no Conselho Regional de Medicina de São Paulo.
Segundo o livro “Vala clandestina de Perus. Desaparecidos políticos, um capítulo não encerrado da história brasileira”, Isaac Abramovitch assinou pelo menos 58 exames necroscópicos de opositores da ditadura. “Os documentos tentam dar suporte a versões como mortes acontecidas em tiroteios travados com os órgãos policiais, tentativas de fuga seguidas de atropelamento e choques traumáticos. O relatório da CPI registra que, […] em nenhum dos laudos verificados pela CPI, a versão policial que constava da solicitação de exame foi contestada após a perícia médica. Quando os sinais de tortura eram muito evidentes, o legista, às vezes, descrevia as marcas deixadas, mas concluía sempre no final que a morte se dera ‘como descrito pela polícia’”, diz o livro.
Em 2008, uma clínica de aborto clandestina de propriedade de Abramovitch foi descoberta pela polícia, que levou o médico preso.