“Eu não entrei na luta, eu nasci dentro dela”, disse certa vez Ivan Seixas. Filho de um casal de militantes de esquerda, que se conheceu na sede do Partido Comunista Brasileiro (PCB), com o qual mais tarde os dois romperiam. Ivan tinha apenas dez anos quando ocorreu o golpe militar e desde essa idade ele fazia pequenas tarefas para ajudar na resistência ao regime. Aos 15 anos, contra a vontade dos pais, já atuava numa organização clandestina de luta armada contra a ditadura, o Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT).
Em 1971, foi preso junto com seu pai, Joaquim Alencar de Seixas, e ambos foram levados pela polícia ao DOI-Codi, em São Paulo. Aos 16 anos, foi torturado durante dois dias ao lado do pai. Ele, no pau de arara, e Joaquim na cadeira do dragão, uma espécie de cadeira elétrica com fios ligados a diversas partes do corpo para dar choques. Os dois foram brutalmente torturados, com choques, espancamentos, afogamentos.
Joaquim foi assassinado durante a tortura e Ivan ouviu o pai ser morto. Ficou sabendo que o pai seria assassinado quando, levado pelos torturadores para uma simulação de fuzilamento num parque de São Paulo, leu na capa do jornal Folha da Tarde que Joaquim, ainda vivo, tinha morrido em confronto.
Sua mãe, Fanny, e suas duas irmãs, Ieda e Iara, também foram presas e levadas para a sede do órgão. As três acompanharam as torturas e o assassinato de Joaquim numa sala no andar de baixo, de onde era possível ouvir tudo, numa tortura psicológica brutal. Elas foram espancadas e Ieda foi vítima de violência sexual por parte de três dos torturadores. Ivan ficou preso até os 22 anos.
Hoje, ele é um dos mais ativos militantes na luta por Memória, Verdade e Justiça. Foi um dos responsáveis pela abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de 1990, que investigou crimes cometidos durante a ditadura e foi presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe).
Também foi o proponente do tombamento do antigo prédio do DOI-Codi, localizado na Rua Tutoia nº 921, no bairro do Paraíso, em São Paulo, que ocorreu em janeiro de 2014. Atua como coordenador da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”.