Em oitiva realizada em 20 de março de 2014, em Goiânia (GO), João Alves de Souza, segundo tenente da Polícia Militar de Goiânia, afirmou que a morte de Luiz Vieira de Almeida (Luizinho) se deu no episódio conhecido como o “Chafurdo de Natal”, mas não informou a circunstancia dessas mortes, apenas que aquelas vítimas foram levadas e enterradas em outros locais. Entretanto, esta narrativa difere das outras informações disponíveis sobre a morte de Luiz. Segundo o Relatório Arroyo, o “Luis” que foi morto no natal de 1973 era, na verdade, o guerrilheiro Guilherme Gomes Lund, que utilizava este codinome. Luiz Vieira não consta nos Relatórios da Marinha, Exército e Aeronáutica de 1993. No entanto, em relatório do Centro de Informações do Exército (CIE) com uma lista de guerrilheiros do Araguaia consta o nome de Luiz Vieira, com a data de morte de 30 de dezembro de 1973. Em entrevista para Romualdo Pessoa Campos Filho, no dia 25 de fevereiro de 1995, em São Domingos do Araguaia, José Vieira, filho de Luiz Vieira, afirma que estava caminhando com o pai e outros guerrilheiros em algum lugar próximo de uma estrada na Fazenda Fortaleza, onde os militares os emboscaram e abriram fogo. José conseguiu escapar e afirma que depois deste evento, cuja data não sabe precisar, não soube mais do paradeiro de seu pai. Segundo fichas militares entregues anonimamente ao jornal O Globo, publicadas em 28 de abril de 1996, consta a seguinte anotação: “„Luizinho‟ – elemento local – morto em 31 Dez 73”. De acordo com o relatório da CEMDP e com o livro Dossiê Ditadura, organizado pelos familiares de vítimas da repressão, José Ribamar Ribeiro Lima, em declaração prestada no dia 04/07/96, na sede da Procuradoria da República no Estado de Roraima, ao procurador-chefe, Osório Barbosa, conta que assistiu à execução de Luizinho – „baixo, moreno, cabelos lisos e pretos‟ – por uma patrulha comandada pelo Cabo Andrada. Segundo Ribamar, ele (Luizinho) morava a uns quinze a vinte quilômetros da Vila Bacaba e, nesse dia, a patrulha comandada por Andrada era composta por quinze homens, inclusive José Ribamar. Chegaram ao local da casa de Luizinho, que se encontrava vazia. Caminharam mais uns seiscentos metros e por ter ficado para traz, o depoente já encontrou a vítima morta sendo o tiro foi dado pelas costas, e que pode ver o coração e o fígado e a „frente‟ de um modo geral toda „para fora‟; que viu preso um indivíduo conhecido por “Zezinho” (com estatura de um metro e setenta e cinco centímetros, cabelos lisos e pretos, aparentando ter uma idade entre dezoito e vinte anos) filho do finado “Luizinho”, em São Domingos dentro de um saco de estopa por volta de seis horas da tarde, quando os policiais disseram que o iriam levar para Bacaba e depois para Brasília‟.
Luiz Vieira é considerado desaparecido político por não terem sido entregues os restos mortais aos seus familiares, o que não permitiu o seu sepultamento até os dias de hoje. Conforme o exposto na Sentença da Corte Interamericana no caso Gomes Lund e outros, o ato de desaparecimento e sua execução se iniciam com a privação da liberdade da pessoa e a subsequente falta de informação sobre seu destino, e permanece enquanto não se conheça o paradeiro da pessoa desaparecida e se determine com certeza sua identidade, sendo que o Estado “tem o dever de investigar e, eventualmente, punir os responsáveis. Assim, recomenda-se a continuidade das investigações sobre as circunstâncias do caso de Luiz Vieira, localização de seus restos mortais, retificação da certidão de óbito, identificação dos demais agentes envolvidos e responsabilização dos agentes da repressão envolvidos no caso, conforme sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos que obriga o Estado brasileiro “a investigar os fatos, julgar e, se for o caso, punir os responsáveis e de determinar o paradeiro das vítimas”.