A morte de Manoel transcorreu no contexto da chamada “sexta-feira sangrenta”, em 21 de junho de 1968. Neste dia, diversas manifestações estudantis foram realizadas em diferentes pontos do Centro do Rio de Janeiro, com o objetivo de denunciar a violência policial aos protestos ocorridos nas semanas anteriores. Em uma destas situações, policiais gritaram que atirariam para matar. Na sequência, três pessoas foram feridas e uma delas, Maria Ângela Ribeiro, morreu logo depois. Manoel, por sua vez, morreu após ser atingido por duas balas na cabeça, na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua Sete de Setembro, quando tentava socorrer uma das pessoas vitimadas nas manifestações. Ele chegou a ser socorrido no Hospital Souza Aguiar e, em seguida, operado. Na sequência, foi transferido para a Casa de Saúde Santa Luzia e, posteriormente, para o Hospital Samaritano, onde não resistiu aos ferimentos. Seus genitores ingressaram com uma ação ordinária em face do então Estado da Guanabara pelos danos decorrentes da morte de seu filho, Manoel Rodrigues Ferreira. Em 16 de março de 1975, o pleito foi deferido pelo juízo da 3ª Vara da Fazenda Pública, que condenou o réu ao pagamento de indenização em favor dos autores. Decisão ratificada, em seu mérito, pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, na data de 10 de maio de 1977.
Diante das circunstâncias do caso e das investigações realizadas, pode-se concluir que Manoel Rodrigues Ferreira foi executado por agentes do Estado brasileiro. A ação ocorreu em um contexto de sistemáticas violações de direitos humanos promovido pela Ditadura Militar, implantada no país a partir de 1964. Recomenda-se a retificação da certidão de óbito, assim como a continuidade das investigações sobre as circunstâncias do caso, para identificação e responsabilização dos agentes envolvidos.