Marcos Faerman foi um jornalista que fez parte da imprensa alternativa durante a ditadura militar. Gaúcho, escreveu para os jornais Última Hora e Zero Hora, em Porto Alegre, e depois se mudou para São Paulo, onde trabalhou no Jornal da Tarde.
Desde a adolescência, no colégio, Faerman já escrevia para jornais estudantis. Influenciado pela Revolução Cubana e por um tio comunista, entrou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e se dedicou à militância estudantil. O jornalismo, porém, mantinha-se como sua grande paixão e, em 1961, após levar um manifesto político, ao jornalista Flávio Tavares, do Última Hora, passou a escrever para esse jornal. Nesse veículo, teve a oportunidade de criar o caderno de Cultura juntamente com Luís Fernando Veríssimo, experiência que o jornalista afirmou ter lhe servido para, anos depois, pensar o jornal Versus.
Durante a ditadura, Faerman rompeu com o PCB e entrou para o Partido Operário Comunista (POC). Durante o governo Médici, desligou-se da organização, mas ainda assim foi preso pela Operação Bandeirantes (Oban) por um mês, sofrendo torturas. Só foi solto por interferência da família Mesquita, proprietária do Jornal da Tarde. Após passagem pelo exílio, voltou ao Brasil e fundou o jornal Versus, cuja primeira edição saiu em outubro de 1975.
Segundo Bernardo Kucinski, autor de “Jornalistas e Revolucionários”, Versus “foi ao mesmo tempo uma alternativa de linguagem, de organização da produção jornalística e de proposta cultural”. Não dava ênfase ao discurso político propriamente dito, como outros jornais alternativos da época, mas procurava explorar aspectos mais culturais e estéticos. Ainda de acordo com Kucinski, “Faerman proclamou-o um ‘jornal de reportagens, ideias e cultura’, que propunha a cultura como forma de ação política”. O jornal destacava a fotografia, o desenho, as histórias em quadrinhos, a literatura, e a poesia. Chegou a vender 35 mil exemplares.
Faerman se desligou do projeto quando o Partido Socialista dos Trabalhadores (PST) passou a dominar a publicação. Três anos antes de falecer, em 1999, começou a lecionar na Faculdade Cásper Líbero, onde fundou o laboratório de jornalismo Esquinas de SP, atual revista Esquinas. A sala em que a publicação é elaborada leva o nome do jornalista.