Nadir Gouvêa Kfouri, assistente social e professora, foi reitora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) por duas gestões. A convite do então Arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, foi a primeira mulher no mundo a comandar uma universidade católica, em seu primeiro mandato (1976-1980).
Para a segunda gestão (1981-1984), a educadora foi eleita com grande apoio de estudantes, funcionários e professores, enquanto a PUC-SP se tornava uma das primeiras instituições de ensino superior no Brasil a realizar um pleito para escolher seus diretores – em consonância com o pedido de “Diretas Já” para a presidência do país.
Estava à frente da universidade em 1977, quando o então secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, o coronel Erasmo Dias, liderou uma invasão policial a seu campus. Tropas armadas com bombas foram usadas para reprimir um encontro no local, que tentava reorganizar a União Nacional dos Estudantes (UNE), à época na ilegalidade. Na ocasião, centenas de alunos foram presos e muitos outros, feridos.
Nadir Kfouri expressou sua indignação pessoalmente diante daquela violência e protagonizou uma das cenas mais icônicas do período. Quando Erasmo Dias a viu chegar ao local e foi cumprimentá-la, ela virou-lhe as costas e disse: “não dou a mão a assassinos”. Registrado em fotografia, esse gesto a marcou como importante símbolo de resistência à ditadura. Ao fim da segunda gestão como reitora, decidiu se aposentar.
Faleceu em 2011, aos 97 anos. Em seu testamento, deixou o apartamento em que morava no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo (SP), ao filho de Cleusa das Graças, que cuidou dela até seu último suspiro. A biblioteca do campus Perdizes da PUC-SP e a Comissão da Verdade da universidade carregam em sua homenagem o nome de Nadir Gouvêa Kfouri.