Atuação Profissional
vereador, gerente de transportadora de cargasOrganização
Movimento Trabalhista Renovador (MTR)Filiação
Laudicéia Gusmão Regis e Adalberto Regis KelerData e Local de Nascimento
5/12/1925, Vitória da Conquista (BA)Data e Local de Morte
12/5/1964, Vitória da Conquista (BA)Péricles Gusmão Régis morreu em 12 de maio de 1964, após ser preso no dia 6 do mesmo mês, juntamente com outras 20 pessoas, sob as ordens do então capitão Antônio Bendochi Alves, vinculado ao 19º. Batalhão de Caçadores, com sede em Salvador – BA, para recolhimento ao 9º Batalhão de Polícia Militar de Vitória da Conquista – BA, no intuito de responder a um Inquérito Policial Militar (IPM), em razão de suposto crime contra a segurança nacional.
Já no dia 11 de maio de 1964, por volta de 7 horas, foi retirado de sua cela e submetido a um longo interrogatório, que durou até 2 horas da madrugada do dia seguinte. Quando retornou à cela, estava muito deprimido e transtornado, conforme depoimento de outros presos políticos. Em seguida, foi colocado sozinho em uma cela. Horas depois, um recruta, que estava ali de serviço, deu a notícia da morte de Péricles, que, segundo sua versão, se encontrava morto na cela, em consequência de suicídio.
De acordo com a versão divulgada pelos órgãos de repressão – e constante em sua certidão de óbito, a morte teria sido ocasionada por suicídio, após Péricles ter cortado, com uma gilete, seus pulsos, pescoço e braços. A causa da morte não foi atestada por um legista, mas pelo médico oftalmologista Hugo de Castro Lima, preso na mesma época, sob as acusações do mesmo IPM, que atestou “anemia aguda, devido à hemorragia externa, devido à seção de vasos sanguíneos (suicídio)”.
De acordo com o relato de Hermann Gusmão Prates, anexado ao processo da CEMDP, o corpo apresentava diversos hematomas e ferimentos. Familiares e amigos contestaram a versão de suicídio. O relator da CEMDP, João Grandino Rodas, mencionou em seu voto que, nos depoimentos das testemunhas, restou inequívoca a militância política de Péricles, causa da sua prisão no quartel da Polícia Militar, quando teria “sido acusado de participação em atividades políticas, faleceu por causas não naturais, muito provavelmente por suicídio, em dependência policial militar”.
O reconhecimento da morte de Péricles Gusmão Régis como responsabilidade do Estado foi aprovado por unanimidade, com ressalva à versão de suicídio, apresentada pelos conselheiros Suzana Keniger Lisbôa e Nilmário Miranda.
Diante das investigações realizadas, conclui-se que Péricles Gusmão Régis morreu em decorrência de ação perpetrada por agentes do Estado brasileiro, em contexto de sistemáticas violações de direitos humanos promovidas pela ditadura militar, implantada no país a partir de abril de 1964.
Recomenda-se a retificação da certidão de óbito de Péricles Gusmão Régis, assim como a continuidade das investigações sobre as circunstâncias do caso, para a identificação e responsabilização dos demais agentes envolvidos.
O Estado brasileiro utilizou uma série de mecanismos para amedrontar a população, sobretudo aqueles que não estivessem de acordo com as medidas ditatoriais. Conheça os reflexos do aparato repressivo e os focos de resistência na sociedade.