Zuleika Angel Jones, ou apenas Zuzu Angel, foi uma das mais importantes estilistas da história da moda no país, além de incansável oponente da violência do governo militar. Mãe de Stuart Edgar Angel Jones, torturado e assassinado pela ditadura, Zuzu passou anos denunciando as arbitrariedades da repressão até morrer em um acidente de carro suspeito em 1976.
Zuzu se casou com o estadunidense Norman Angel Jones em 1943 e teve três filhos: Stuart e as meninas Hildegard e Ana Cristina. O casal se separou em 1960. A carreira como estilista começou ainda no final dos anos 1950 e a levou ao mercado internacional nos anos 1970, tendo como clientes estrelas como as atrizes Kim Novak e Joan Crawford.
Na manhã do dia 14 de maio de 1971, seu filho Stuart, militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), foi preso no Rio de Janeiro e levado para a Base Aérea do Galeão. Segundo depoimento do preso político Alex Polari de Alverga, que esteve com ele naquela unidade da Aeronáutica, Stuart foi brutalmente torturado e não resistiu, vindo a falecer na noite daquele mesmo dia.
A partir daquele momento, Zuzu passou a buscar informações sobre o filho e o direito de sepultá-lo, denunciando as arbitrariedades praticadas pela ditadura à imprensa e a órgãos internacionais. Ainda em 1971, realizou um desfile/protesto no consulado brasileiro em Nova York. Suas criações incorporaram elementos que denunciavam a situação, com estampas representando tanques de guerra, canhões, pássaros engaiolados, meninos aprisionados, anjos amordaçados.
Zuzu morreu em 1976, no que a ditadura classificou como um acidente automobilístico na saída do túnel Dois Irmãos, em São Conrado (RJ). Mas, em 1998, a Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos julgou o caso e reconheceu o regime militar como responsável pela morte da estilista. Segundo depoimentos, ela teria sido jogada para fora da pista por um carro pilotado por agentes da repressão. Hoje, o túnel é chamado Zuzu Angel.