No período que se seguiu aos anos de chumbo do regime, desenvolveu-se um cauteloso trabalho de reorganização sindical. Os sindicatos, organizados em torno da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais (Contag), prepararam longamente um movimento que desencadeou uma greve de canavieiros, em 1979.
A greve mobilizou 20 mil trabalhadores, de 23 sindicatos, e também trabalhadores informais “clandestinos”, tendo como epicentro São Lourenço da Mata e Pau D´Alho, em Pernambuco. Reivindicavam 52% de aumento salarial, espaço para cultivos de subsistência e uma tabela padrão para o cálculo do pagamento pela produção no corte da cana.
A greve foi vitoriosa. Repetiu-se depois em 1980 e 1982, alastrando-se para os Estados vizinhos. Em 1984, a paralisação somou quase 400 mil trabalhadores, consolidando várias conquistas.
Também em 1979, colonos expulsos das terras dos índios kaingang, no Rio Grande do Sul, e outros sem-terra se dirigiram para um latifúndio improdutivo. Era a Fazenda Anoni, nas proximidades dos municípios de Ronda Alta e Sarandi. A ditadura mandou uma tropa comandada pelo major Curió, o mesmo da guerrilha do Araguaia, para esvaziar o movimento.
Apesar de ter feito várias tentativas, com ameaças e intimidações, Curió não foi bem sucedido. Os sem-terra resistiram em 12 acampamentos pela região até 1985, quando ocuparam os 22 mil hectares da Fazenda Anoni e começaram a transformá-la num dos mais bem sucedidos assentamentos. Nascia, assim, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), defendendo a necessidade da reforma agrária.