Trabalho infantil e exploração da mão de obra infantojuvenil

Trabalho infantil e exploração da mão de obra infantojuvenil

O governo ditatorial promoveu uma modernização da economia a partir da expansão do parque industrial nas regiões Sudeste e Sul, assim como do setor agropecuário em grandes propriedades fundiárias no Centro-Oeste do país. Durante o período ditatorial, o trabalho infantojuvenil tornou-se frequente nos diversos setores da economia brasileira, ampliando uma condição histórica que já estava presente no país por longo período. Esse cenário socioeconômico se caracterizava pelas seguintes questões: o trabalho dessa parcela da população era de fundamental importância para a subsistência das famílias em razão de sua condição de pobreza; além disso, apesar da existência de leis produzidas desde o início do período republicano brasileiro, que buscavam regulamentar o labor infantil, essas relações de trabalho, marcadas pela exploração da mão de obra de crianças e adolescentes, permaneceram em grande parte na informalidade; note-se ainda que as exaustivas jornadas de trabalho impediam a população infantojuvenil de frequentar a escola; por fim, o ideário da socialização das crianças e adolescentes pelo trabalho permaneceu vigente entre uma parcela da sociedade brasileira do período.

Seja como mão de obra familiar ou na condição de trabalhadores e trabalhadoras por jornada, milhões de crianças e adolescentes negros, pardos e brancos brasileiros labutavam de sol a sol na agricultura ou na lida com animais bovinos, aves, caprinos etc. A mão de obra infantojuvenil também esteve presente nos setores comercial e de serviços. Os meninos, especialmente os negros e pardos, trabalhavam como engraxates, jornaleiros e ambulantes pelas ruas das cidades de médio e grande porte. Uma parcela significativa das adolescentes pobres, por sua vez, passou a trabalhar como empregadas domésticas nos lares das famílias das camadas médias e das elites, o que, em geral, ocorria a partir do início da puberdade. Nos anos de 1980, com a emergência do turismo de massa no litoral brasileiro e dos grandes garimpos na região amazônica, a prostituição tornou-se outro destino frequente de trabalho para adolescentes pobres.

Por outro lado, no setor industrial, entre as décadas de 1960 e 1980, observou-se paulatinamente um decréscimo do emprego de adolescentes de ambos os sexos que ingressavam nas fábricas na condição jurídica de aprendizes e que possuíam, geralmente, os direitos sociais garantidos pela legislação brasileira em vigor. Apesar das difíceis condições impostas pela situação socioeconômica, iniciar formalmente uma trajetória como operário ou operária, em alguns casos, poderia significar para a população infantojuvenil pobre a almejada saída da situação de pobreza da família. De sua parte, na ótica das autoridades do regime ditatorial, o(a) “operário(a) padrão” era disciplinado, morigerado e não participava do movimento sindical.

Sobre
Saiba mais sobre o projeto, realizadores e seus objetivos.
Apoio ao Educador
Aplique o conteúdo sobre a ditadura no Brasil na sala de aula para ampliar o estudo da História do Brasil e a formação da cidadania com o suporte de sequências didáticas e a promoção do protagonismo dos alunos. Consulte sequências didáticas que poderão auxiliar os educadores a trabalharem o tema da ditadura militar brasileira em sala de aula.
Acervo
Explore uma diversidade de conteúdos relacionados ao período da ditadura militar brasileira que ocorreu entre 1964 e 1985.
Cultura e Sociedade
Apesar do conservadorismo e da violência do regime, a produção cultural brasileira durante a ditadura militar se notabilizou pelo engajamento político e desejo de mudança. Conheça um pouco mais sobre as influências do período em diversos setores da sociedade.