Walderez não sabia que seus filhos só frequentavam a escola porque a coordenadora, Tia Carminha, decidiu peitar mães e pais de alunos que eram contra o fato dela deixar “os filhos do Plínio Marcos” estudarem lá: “Ali era um fato humano, estavam querendo mexer com crianças que não tem nada a ver com a Ditadura, (…) se o pai escreve palavrão ou peça pornográfica”.
Walderez nasceu em Ribeirão Preto nos anos 40, em uma família de ascendência italiana e espanhola, repleta de histórias melodramáticas, de onde ela diz ter herdado aptidão para a atuação. Foi criada para ser uma dona de casa, mas queria estudar e fez os pais virem para São Paulo. E conseguiu! Entrou na Faculdade de Filosofia, na Maria Antônia, em plenos anos 60. Imagina uma mocinha do interior que fica encantada com aquela efervescência e mergulha em uma vida de passeatas e discussões. Era ela. No meio de tudo isso, conhece Fauzi Arap e é convidada para integrar o CPC, aí começa a sua vida artística. Nesse período, conhece Plínio Marcos e se casam. Era ditadura e diversas peças do marido foram censuradas, chegaram a passar dificuldades financeiras por causa disso, além do medo de serem mortos a qualquer momento, assim como muitos de seus amigos. Estreou na TV Tupi na novela de sucesso Beto Rockfeller. Enquanto a sua carreira ascendia, Plínio foi preso por diversas vezes. Walderez precisava correr para descobrir onde ele estava e usar as pessoas influentes que conhecia pra tentar resgatá-lo. Apesar de desencantada com o retorno de alguns discursos que tanto ela lutou pra combater, se considera uma romântica, assim como aprendeu a ser com a sua família.
Para conhecer essa história completa, acesse: https://acervo.museudapessoa.org/pt/conteudo/historia/so-vou-ser-plena-se-incluir-o-outro-208528/colecao/208523
Créditos: Alisson da Paz e Luis Ludmer
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Esta iniciativa busca fortalecer a consciência democrática da sociedade brasileira, e foi viabilizada através do projeto “Cotidianos Invisíveis da Ditadura” – 6074.2021/0007181-2, relacionado ao termo de fomento Nº TFM/083 /2021/SMDHC/DEDH, por meio da Secretaria de Direitos Humanos do Município de São Paulo, com a realização do Museu da Pessoa e do Instituto Vladimir Herzog: https://acervo.museudapessoa.org/pt/conteudo/colecao/cotidianos-invisiveis-da-ditadura-208523