Literalmente o produto de “uma ideia na cabeça, uma câmera na mão”. Rodado em quatorze dias de maio de 1965, é “um filme-guerrilha que precisava ser feito naquele momento de instauração do regime de censura, pois ‘cada fala teria de dizer ao espectador que houve um golpe de Estado’”. Até a trilha sonora se propõe a isso: entre as canções que embalam a trama, estão “Carcará”, de Chico Buarque, que integra o show Opinião (espetáculo musical com direção de Augusto Boal), e “Eu vivo num tempo de guerra” (É um tempo de guerra/ É um tempo sem sol/ Sem sol, sem sol, tem dó!), de Maria Bethânia.
Trata da impossibilidade amorosa vivida por Marcelo (Oduvaldo Viana Filho), jovem intelectual de esquerda que vive um relacionamento extraconjugal com Ada (Isabela Campos), a mulher de um rico industrial. Nas palavras de Maria do Socorro Carvalho, doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (USP), “Ada encarna o difícil desafio de fazer da política uma preocupação central do Cinema Novo brasileiro pós-golpe militar de 1964. Mas, sobretudo, é o lugar da dúvida, da ambiguidade, do equívoco, da vacilação político-ideológica no interior da própria narrativa”. O filme ficou oito meses retido no Departamento Federal de Segurança Pública, sendo liberado para exibição comercial já em abril de 1966.