Em 12 de maio de 1978, começou a primeira greve. Os trabalhadores da empresa sueca Saab-Scania entraram normalmente na fábrica, mas não trabalharam: cruzaram os braços ao lado das máquinas, reivindicando 20% de aumento salarial. No quarto dia, os trabalhadores aceitaram a proposta da empresa intermediada pelo sindicato, de 20% de aumento para quem recebia até dez salários mínimos, equiparação salarial para trabalho igual, pagamento dos dias parados e redução do trabalho noturno.
Finalizadas as negociações, os operários voltaram ao trabalho. Mas a Scania não cumpriu o acordo e pagou apenas 6,5%, por pressão de outras multinacionais, que antecipavam a ocorrência de outras greves em suas fábricas. A tentativa dos trabalhadores de voltar à greve foi duramente reprimida pela polícia.
Já era tarde, porém, para impedir a maré de reivindicações represadas por tantos anos. O movimento se espalhou. Antes do fim da greve na Scania, já começava a greve na Ford. Seus operários conseguiram 11% de aumento. Os operários da Volkswagen também iniciaram uma paralisação, mas o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) decidiu que a greve era ilegal.
Em vez de se interromper, o movimento se ampliou. Na primeira semana, já eram 60 mil metalúrgicos, de 24 empresas, em três cidades. Na quarta, eram 246 mil grevistas, de 213 empresas, em nove cidades. Em 30 de maio, o sindicato patronal do setor automotivo anunciou a extensão do aumento de 11% para todos os trabalhadores metalúrgicos.
As greves animaram os metalúrgicos de São Paulo. Mobilizados pela oposição sindical, em setembro fizeram uma assembleia gigante que expulsou o presidente pelego, o Joaquinzão, e decretou greve.