Com o golpe de 1964, a repressão conjunta de militares e latifundiários se abateu pesadamente sobre os camponeses. Muitos foram presos e outros tantos assassinados. Em Recife, Gregório Bezerra, dirigente comunista e veterano líder camponês, foi brutalmente arrastado por militares pelas ruas da cidade, com três cordas amarradas ao pescoço, sendo constantemente agredido e parte de sua sessão de tortura foi transmitida via emissora local
Conforme documento da Comissão Pastoral da Terra (CPT), nada menos do que 1.566 trabalhadores rurais foram assassinados, entre 1962 e 1989. Apesar desses assassinatos quase sempre terem sido às ordens de grandes proprietários, não se pode dissociá-los do clima geral de repressão que se abateu sobre os trabalhadores em nome da “segurança nacional”.
O general Castello Branco assinou a lei que criou o Estatuto da Terra, em novembro de 1964. Embora fosse mais conservadora do que o Estatuto do Trabalhador, por não enfatizar os direitos sociais, a nova lei manteve alguns direitos adquiridos pelos trabalhadores rurais.
O regime militar, ciente de que a miséria no campo poderia se tornar um problema político grave, até esboçou um conjunto de políticas sociais para o trabalhador rural. Entre elas, estava o Programa de Distribuição de Terras (Proterra) e o Fundo do Trabalhador Rural (Funrural), nos anos 1970. Mas isso não foi suficiente para mudar o quadro vigente de exploração e miséria.
Apesar da repressão violenta, as lutas dos trabalhadores rurais da Zona da Mata nordestina não cessaram de todo logo depois do golpe. Em 1968, houve uma greve de 10 mil canavieiros no Cabo, em Pernambuco. Elas não pararam por completo, mas, assim como outros movimentos, experienciaram uma diminuição forçada nos anos de maior repressão da ditadura.