Intimamente ligada aos rompimentos da pop art, a nova figuração consiste em mudar o tratamento da figura, após o esgotamento da abstração geométrica e informal. Os artistas oscilavam entre usar como objeto da obra de arte motivos de crítica e de neutralidade ideológica. Cunhado pelo crítico Michel Ragon, em 1961, o termo nouvelle figuration pretende designar o retorno à figuração, na qual se observa o tratamento livre da figura, fora dos moldes realistas e descritivos tradicionais, a partir de lições retiradas do informalismo, do expressionismo abstrato e da arte pop.
A exposição “Mitologias Cotidianas”, em 1964, definiu com maior clareza os rumos da nova figuração em curso, também denominada como figuration narrative. Ela buscava, como o próprio título indica, aproximar-se da vida diária, em suas múltiplas dimensões, através de uma linguagem que apelava ao grotesco e ao fantástico.
O impacto das novas linguagens figurativas na arte nacional é imediato, sobretudo em artistas cariocas, como Antonio Dias (1944), Carlos Vergara (1941), Rubens Gerchman (1942-2008), Roberto Magalhães (1940), Ivan Freitas (1932) e Adriano de Aquino (1946), participantes da mostra “Opinião 65”.
Opinião 65
A mostra “Opinião 65” ocupou o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) entre 12 de agosto e 12 de setembro de 1965, e reuniu 29 artistas, 13 deles estrangeiros. Os organizadores queriam estabelecer um contraponto entre a produção nacional e a estrangeira, para avaliar o grau de atualização da arte brasileira, a partir das pesquisas recentes em torno das novas figurações. Na mostra, foram apresentadas algumas das questões que mobilizavam a vanguarda brasileira: volta à figuração, ao concretismo e ao neoconcretismo; tendência ao objeto e às manifestações coletivas. O diferencial da “Opinião 65” foi colocar lado a lado representantes de todas as tendências.
Integraram a mostra obras do inglês Wright Royston Adzak (1927); dos argentinos Antonio Berni e Jack Vanarsky; dos espanhóis Manuel Calvo (1934) e José Paredes Jardiel (1928); dos franceses Gérard Tisserand (1934) e Alain Jacquet (1939); entre muitos outros. O impacto das novas linguagens figurativas na arte nacional é imediato, sobretudo em artistas cariocas, como Antonio Dias (1944), Carlos Vergara (1941), Rubens Gerchman (1942-2008), Roberto Magalhães (1940), Ivan Freitas (1932) e Adriano de Aquino (1946), participantes da mostra “Opinião 65”. A mostra significava uma tomada de posição dos artistas brasileiros diante do momento político do país ao mesmo tempo em que era a primeira reação consistente às tendências abstratas vigentes na década anterior.