Falando em institucionalização, a ditadura civil-militar brasileira é caracterizada por sua extensa sistematização de diversos setores do governo: político, econômico, repressivo e comunicacional foram administrados de maneira técnica e burocrática pelos membros civis e militares do regime. Foram diversos os órgãos criados para sustentar um governo ditatorial que prometia ser um “golpe saneador” em 1964, mas que se encerrou apenas em 1985, por meio de uma transição negociada. No caso da propaganda, esse esforço iniciou-se ainda antes da consolidação das Forças Armadas no poder, buscando desestabilizar o governo de João Goulart, democraticamente eleito como vice-presidente de Jânio Quadros em 1961, ano em que assumiu a presidência após a renúncia de seu antecessor.
Na época, as campanhas contrárias ao governo de João Goulart foram comandadas por institutos privados, como o IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) e o IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), cujas ações buscavam influenciar o processo eleitoral, elaborar e distribuir materiais que associavam Jango ao perigo comunista. Porém, não foi apenas para a articulação golpista que a propaganda foi requisitada como protagonista na busca por consenso. Nos anos seguintes, ela passou por amplos investimentos e transformações.