Transgressão, Hibridismo e Experimentação – O Tropicalismo foi um movimento cultural brasileiro surgido no final da década de 1960 que teve forte impacto nas artes visuais, na música, na literatura e no teatro. Caracterizou-se por uma atitude irreverente, experimental e crítica diante das tradições culturais e políticas vigentes, propondo uma síntese entre o popular e o erudito, o nacional e o estrangeiro, o moderno e o arcaico.
No campo das artes visuais, um dos marcos iniciais do Tropicalismo foi a obra “Tropicália” (1967), de Hélio Oiticica, uma instalação que convidava o público a interagir com um labirinto construído com elementos típicos da cultura brasileira. Essa obra não apenas nomeou o movimento como também sintetizou seu espírito antropofágico e sensorial, rompendo as barreiras entre arte e vida, espectador e obra. A Antropofagia, movimento da arte moderna da primeira metade do XX, foi uma grande inspiração para o movimento tropicalista.
O Tropicalismo também teve grande expressão na música, com nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Os Mutantes e Tom Zé, que misturaram gêneros como bossa nova, rock psicodélico, samba, música caipira e ritmos africanos, em letras muitas vezes críticas à situação política do país sob a ditadura militar. Além disso, o movimento se alinhava a uma crítica às noções fixas de identidade nacional e ao conservadorismo cultural. Os tropicalistas defendiam uma arte que refletisse as contradições do Brasil e que fosse capaz de incorporar a complexidade do país, tanto em sua diversidade cultural quanto em sua realidade social e política.
Apesar de sua curta duração, o Tropicalismo marcou profundamente a cultura brasileira, sendo lembrado como um momento de transgressão, inovação estética e enfrentamento simbólico à repressão. Seu legado permanece presente em expressões artísticas contemporâneas que dialogam com a multiplicidade e a crítica cultural.