No período da ditadura militar, a economia brasileira foi uma das que mais cresceram no mundo. Rubens Penha Cysne contabilizou que, entre os anos de 1964 e 1985, a taxa média de crescimento econômico anual da economia brasileira foi de 6,15%, bem superior às taxas médias de 3,66% da economia mundial, de 4,78% dos países em desenvolvimento e de 4,75% da América Latina. Contudo, a história brasileira tem demonstrado que o bom desempenho dos indicadores econômicos não se traduz automaticamente em bem-estar social. Assim, o intenso crescimento ocultou diversos problemas, tais como inflação, desigualdade e exploração do trabalho. Por essa razão, Florestan Fernandes (2020) descreveu essa modernização conservadora da economia brasileira como resultado de uma “contrarrevolução preventiva e permanente” — conceito que explica como o autoritarismo da ditadura militar e a concentração de renda se retroalimentaram.