Anos 65 – 69

Anos 65 – 69
31/12/1964
1/5/1965
27/10/1965
31/12/1965
5/2/1966
25/4/1966
28/6/1966
1/8/1966
25/9/1966
3/10/1966
25/10/1966
25/10/1966
31/12/1966
15/3/1967
9/10/1967
31/12/1967
31/12/1967
3/1/1968
16/3/1968
28/3/1968
29/3/1968
30/3/1968
4/4/1968
4/4/1968
29/4/1968
3/5/1968
3/5/1968
5/5/1968
26/6/1968
26/6/1968
19/7/1968
29/9/1968
12/10/1968
24/10/1968
1/11/1968
1/12/1968
13/12/1968
22/12/1968
31/12/1968
2/1/1969
26/1/1969
1/2/1969
26/6/1969
1/7/1969
15/8/1969
29/8/1969
1/9/1969
4/9/1969
7/9/1969
29/9/1969
25/10/1969
4/11/1969
31/12/1969
A tortura começou antes do AI-5: 203 denúncias de tortura e 20 mortes só em 1964

Antes de completar um ano, a repressão do regime militar já somava 203 denúncias de torturas além de 20 mortes. O livro "Tortura e Torturados", do jornalista Márcio Moreira Alves, lançado em 1966, relatando casos ocorridos a partir de 1964, causou grande impacto na opinião pública.

Augusto Boal durante ensaio
Arena conta Zumbi

Marco do Teatro de Arena, dirigido por Augusto Boal. O objetivo era fazer com que o público se divertisse, mas ao mesmo tempo se conscientizasse politicamente, a partir da saga do Quilombo de Palmares, com referências cifradas ao contexto político pós-Golpe. A peça terminava com o refrão: "É um tempo de guerra, é um tempo sem sol...".

Trecho do Ato Institucional nº2
Promulgado o AI-2

O poder do Presidente é ainda mais fortalecido, os partidos são dissolvidos, a eleição presidencial passa a ser indireta e a Justiça Militar pode processar civis acusados de crimes políticos. O Ato começa com uma frase que acaba com as ilusões dos que achavam que o governo militar era transitório: "Não se disse que a Revolução foi, mas que é e continuará..."

A violência do Estado

No fim de 1965, são registradas oficialmente 83 denúncias de torturas e 3 mortes. Presos políticos começam a aparecer enforcados nas celas

O terceiro Ato Institucional

Os governos dos Estados e os prefeitos passam a ser eleitos indiretamente. O Poder Executivo ganha força a cada novo ato baixado.

Morte e Vida Severina

É encenada em São Paulo a peça Morte e Vida Severina, baseada em poema de João Cabral de Melo Neto, e com música de Chico Buarque de Hollanda, jovem compositor que era um dos destaques da "geração dos festivais da canção" veiculados pelas televisões Record, Excelsior e Globo.  Nascia a Música Popular Brasileira (MPB), marcada pela crítica ao regime militar e pela denúncia das injustiças sociais.

Hugo Banzer, Juan María Bordaberry, Ernesto Geisel e Augusto Pinochet
O regime militar brasileiro vira modelo para a América Latina

Na Argentina, o levantamento militar liderado pelo general Juan Carlos Onganía derrubou o presidente Arturo Illia. Em 1971, seria a vez da Bolívia, seguida por Uruguai e Chile em 1973. Em 1976, um novo golpe na Argentina aprofunda o "terror de Estado" como método de combate aos opositores.

A Grande Revolução Cultural Proletária abala o mundo comunista

Liderada por Mao Tse Tung, a Revolução Cultural (1966-1969) pretendia mudar a cara do comunismo chinês e mundial, expandindo a ideia de coletivização e acabando com as hierarquias burocráticas e sociais. Os resultados, entretanto, acirraram a luta pelo poder dentro do Partido Comunista Chinês e levaram a muitos expurgos de antigos revolucionários.

A Revolução Brasileira

Em sua obra “A Revolução Brasileira”, Caio Prado Jr. critica as teses "etapistas" e as alianças de classe do Partido Comunista Brasileiro, tornando-se um dos símbolos do grande debate interno que tomou conta da esquerda brasileira depois da derrota de 1964.

O ministro Jarbas Passarinho cumprimenta o presidente Costa e Silva
Costa e Silva é o novo presidente

Saudado por parte da imprensa que havia apoiado o golpe mas se decepcionará com a política econômica do governo Castello Branco, o general Artur da Costa e Silva é eleito indiretamente pelo Congresso, prometendo retomar o crescimento econômico e "humanizar" o regime. A primeira promessa foi cumprida, já a segunda...

Interpretação de Roda Viva por Chico Buarque e o quarteto MPB4
Chico Buarque vence o Festival de Música Popular Brasileira

Com a música “A Banda”, Chico Buarque de Hollanda venceu o festival de música popular brasileira da Record. Mas dividiu o prêmio e a preferência do público com a canção "Disparada", de Geraldo Vandré, defendida no festival por uma interpretação de Jair Rodrigues que marcou época.

Liberação feminina

As mulheres saem às ruas por seus direitos em todo o mundo. Esse processo também é marcado pelo lançamento da minissaia, pelo uso disseminado da pílula anticoncepcional e pela liberação de costumes.

Forças policiais em ação contra manifestantes
Violência de Estado

Ao fim de 1966, os números oficiais somam 66 denúncias de torturas e 2 mortes.

Posse de Costa e Silva como o segundo presidente da Ditadura, Brasília.
Posse de Costa e Silva

A "posse da esperança", como a definiu parte da imprensa simpática aos militares, prometia ampliar o diálogo entre governo e sociedade. Mas os acontecimentos ao longo do governo Costa e Silva tomaram outros rumos.

Che Guevara e Fidel Castro
Che Guevara é assassinado

É o fim do sonho do guerrilheiro de liderar uma nova revolução na América Latina, depois da vitória em Cuba. Ernesto Che Guevara é capturado e assassinado na Bolívia.

Economia com pouca saúde

O cruzeiro novo tem seu primeiro ano com 25% de inflação e PIB de 4,2%.

Movimento hippie pede fim da guerra no Vietnã

A juventude norte-americana começa a se rebelar contra a convocação para a Guerra no Vietnã, travada desde 1965 pelas tropas estadunidenses para combater a expansão do comunismo na Ásia.

Militantes do PC do B no Araguaia

O PC do B envia os primeiros militantes para a região do Rio Araguaia, no Norte do país, para a estruturação da que ficaria conhecida como Guerrilha do Araguaia. Desde 1967, várias organizações de esquerda preparavam-se para a luta armada contra o regime. A maior parte atuaria nas cidades realizando ações de "propaganda armada", ao contrário do PC do B que conseguiu manter suas bases no campo sigilosas até 1971.

Grevistas são presos em Osasco em 1968
Greve dos trabalhadores da Cobrasma em Osasco (SP)

O ano de 1968 também marcaria a volta da classe operária à cena social e política, protagonizando duas greves que ficaram famosas, em Contagem (MG) e Osasco (SP). Para a esquerda, era o início de uma grande revolta popular contra o arrocho salarial e a repressão policial do regime.

PM mata o estudante Edson Luís

O estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto é assassinado por policiais militares durante um confronto no restaurante Calabouço, no centro do Rio de Janeiro.

Corpo do estudante Edson Luís
Enterro de Edson Luís

Ao todo 60 mil pessoas foram ao enterro de Edson Luís. Seguem-se manifestações e protestos em várias cidades do país, aumentando o protesto estudantil contra o regime que já vinha acontecendo desde 1966. Os militares reprimem duramente as manifestações.

Estudantes presos durante manifestação
Repressão às passeatas

O Ministro da Justiça determina que as passeatas estudantis sejam proibidas e reprimidas.

Padres se colocam diante da cavalaria da Polícia no Rio de Janeiro
Missas reprimidas

As missas celebradas para Edson Luís na Igreja da Candelária, no Rio, são reprimidas violentamente.

Martin Luther King é assassinado

O líder do Movimento pelos Direitos Civis dos negros estadunidenses é assassinado.

Contracultura

Na Broadway e com nu explícito, estreia o rock-musical Hair, um dos maiores sucessos da década, que critica a Guerra do Vietnã.

Maio de 68

É maio de 1968, começam os conflitos de rua em Paris e pelo mundo afora. Estudantes ocupam a tradicional Universidade Sorbonne.

A luta armada ganha o noticiário

A luta armada contra a ditadura cresce e se organiza. Tornam-se públicas e notórias as ações da ALN (Ação Libertadora Nacional) e da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária).  A primeira era uma dissiência do Partido Comunista Brasileiro, que não apoiava a luta armada contra o regime, enquanto a segunda era resultado da fusão de grupos socialistas com militares nacionalistas expulsos das Forças Armadas.

Os mutantes e Gilberto Gil
Tropicália ou Panis et Circenses

Começam as gravações do álbum que seria o maior manifesto musical do movimento tropicalista que reunia músicos, artistas plásticos, dramaturgos e cineastas. Os músicos tropicalistas, liderados por Caetano Veloso e Gilberto Gil eram críticos do nacionalismo cultural da MPB e da estética convencional da canção de protesto. Queriam criticar o regime, mas também chocar os padrões comportamentais e morais da direita e da esquerda.

Passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro
Passeata dos 100 mil

Mais de 100 mil pessoas saem às ruas do Rio de Janeiro, contra a violência policial e em defesa da democracia.

Ação da VPR mata um e fere seis

Membros da VPR lançam um carro-bomba, sem motorista, contra o Quartel General do 2º Exército em São Paulo. Na ocasião, é morto o soldado Mário Kozel Filho, jovem recruta.

Zé Celso foi o responsável por dirigir Roda Viva, peça escrita por Chico Buarque de Holanda
Teatro Galpão depredado

O teatro onde era encenada a peça “Roda Vida”, de Chico Buarque de Holanda, é depredado e seus os atores são espancados, dando início a uma onda de violência contra os teatros no Brasil.

Cantor e compositor Geraldo Vandré
“Sabiá”, de Tom e Chico vence o 3º Festival Internacional da Canção

Muitas vaias foram ouvidas quando "Sabiá" foi anunciada como vencedora – Cynara e Cybele, as intérpretes, mal conseguiram cantá-la. Em segundo lugar ficou “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores”, de Geraldo Vandré, a preferida do público estudantil de esquerda.

Estudantes são enfileirados por Polícias durante a repressão ao Congresso de Ibiúna em 1968
Congresso da UNE em Ibiúna

A polícia descobre o local do Congresso clandestino da UNE, invade o sítio de surpresa, e prende 920 estudantes. A partir daí, a parte do movimento estudantil que defendia a luta armada, paradoxalmente, sai fortalecida, em detrimento daqueles que queriam priorizar ações políticas de massa.

O Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder
Casa do arcebispo é metralhada

A casa do arcebispo dom Hélder Câmara, em Recife, é metralhada. No ano seguinte, um dos seus principais auxiliares, Padre Henrique é assassinado por paramilitares. A alta cúpula da Igreja Católica, que não condenara o golpe de 1964, começava a se afastar do regime.

Nixon eleito

O republicano e conservador Richard Nixon é eleito presidente dos EUA. A partir daí, a política anticomunista dos EUA para a América latina se tornaria ainda mais agressiva.

Luta armada soma 50 ações

Em dois anos, os grupos de esquerda somam 50 ações armadas. A maior parte era de assaltos a bancos, as chamadas "expropriações" para coletar fundos, mas também houve atentados a bomba contra alvos políticos e militares e algumas escaramuças contra as forças de segurança do regime. A partir de 1969, o repertório de ações incluiria sequestros de embaixadores para serem trocados por prisioneiros políticos.

Matéria principal da edição do Estado de São Paulo no dia 14 de dezembro de 1968.
O AI-5 é baixado

É baixado o AI-5, que iniciou o momento mais duro do regime, dando ainda mais poder aos militares, para punir arbitrariamente os que fossem considerados inimigos. Até o Habeas Corpus, tradicional instrumento jurídico para libertar presos, é declarado inválido para crimes políticos. Até os liberais, que haviam apoiado o golpe, admitem que o regime se tornara, efetivamente, uma ditadura militar, sem maiores sutilezas.

Os Doces Bárbaros, Gal, Gil, Bethânia e Caetano
Caetano Veloso e Gilberto Gil são presos no Rio

Os músicos baianos, símbolos da Tropicália, são presos por 3 meses, sem acusação formal. Depois, seguem para o exílio.

Começa o “milagre econômico”

Indústria responde aos investimentos e cresce. PIB fecha o ano com 9% de crescimento e a inflação fica em 25%.

Artistas são obrigados a deixar o país

Gil e Caetano partem para Londres, na Inglaterra, e Chico Buarque vai para Roma, na Itália.

Carlos Lamarca em treinamento com funcionárias do Bradesco
O capitão Lamarca se torna guerrilheiro

Carlos Lamarca, capitão do Exército Brasileiro, tido como militar exemplar, adere à guerrilha, levando consigo um caminhão carregado de armas e munições do Quartel de Quitaúna, em Osasco (SP). Ao lado de Carlos Marighela, Lamarca se torna a figura mais célebre da guerrilha brasileira.

Professores universitários perseguidos pelo regime

Com o AI-10, centenas de professores são aposentados em todo o país. A repressão avança sobre o meio intelectual e cultural. A cisão entre o regime e o meio intelectual e artístico aumenta ainda mais.

Capa do Pasquim em 1969
Primeiro número d'O Pasquim chega às bancas

O Pasquim, conciliando humor político e comportamental, torna-se um marco da imprensa alternativa, lutando contra a censura e contra a repressão.

Surge a Operação Bandeirante (Oban)

A Oban, operativo policial-militar de combate à luta armada, sistematiza os métodos ilegais de repressão: sequestro, tortura e execução dos opositores.

Fotografia de Marighella na redação do Jornal do Brasil em 1964
Carlos Marighella toma a Rádio Nacional

Marighella e seus companheiros da Aliança Libertadora Nacional (ALN) tomam a Rádio Nacional, em São Paulo, e divulgam um manifesto.

Costa e Silva fica doente

Depois de sofrer uma trombose cerebral, o general Costa e Silva é afastado da Presidência. O seu vice-presidente civil, Pedro Aleixo, é impedido de tomar posse.

O Brasil passa a ser governado por uma Junta Militar

A Junta Militar é composta pelos ministros Aurélio Lyra Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Souza Mello (Aeronáutica).

Os 15 presos políticos libertos em decorrência do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick
Sequestro do embaixador norte-americano Elbrick

Guerrilheiros do MR-8 e da ALN sequestram, no Rio, o embaixador dos EUA no Brasil, Charles Burke Elbrick. Em troca, conseguem a libertação de 15 presos políticos que são enviados ao México.

Pena de morte e banimentos

Com o AI-13 e o AI-14, o Brasil passa a ter pena de morte, além de banimentos de presos políticos soltos em troca de embaixadores sequestrados.

O primeiro "desaparecido político"

O comandante do sequestro do embaixador Charles Elbrick, Virgílio Gomes da Silva, é preso e morto sob tortura nas dependências da Oban, em São Paulo. Ele é considerado o primeiro desaparecido político brasileiro.

Matéria da Folha de São Paulo estampa a posse de Médici em outubro de 1969
Médici, mais um general-presidente eleito indiretamente

O general Emílio Garrastazu Médici é eleito presidente da República pelo Congresso, depois de ser escolhido pela alta oficialidade das Forças Armadas.

Carlos Marighella, o inimigo público número 1 do regime militar, é assassinado

Carlos Marighella é morto numa emboscada policial no bairro dos Jardins, em São Paulo, depois de uma operação da repressão que envolveu até tortura a frades dominicanos.

1.027 denúncias de torturas

A ditadura militar soma no fim do ano mais de mil denúncias de torturas.

31/12/1964
A tortura começou antes do AI-5: 203 denúncias de tortura e 20 mortes só em 1964

Antes de completar um ano, a repressão do regime militar já somava 203 denúncias de torturas além de 20 mortes. O livro "Tortura e Torturados", do jornalista Márcio Moreira Alves, lançado em 1966, relatando casos ocorridos a partir de 1964, causou grande impacto na opinião pública.

31/12/1964
Augusto Boal durante ensaio
1/5/1965
Arena conta Zumbi

Marco do Teatro de Arena, dirigido por Augusto Boal. O objetivo era fazer com que o público se divertisse, mas ao mesmo tempo se conscientizasse politicamente, a partir da saga do Quilombo de Palmares, com referências cifradas ao contexto político pós-Golpe. A peça terminava com o refrão: "É um tempo de guerra, é um tempo sem sol...".

1/5/1965
Trecho do Ato Institucional nº2
27/10/1965
Promulgado o AI-2

O poder do Presidente é ainda mais fortalecido, os partidos são dissolvidos, a eleição presidencial passa a ser indireta e a Justiça Militar pode processar civis acusados de crimes políticos. O Ato começa com uma frase que acaba com as ilusões dos que achavam que o governo militar era transitório: "Não se disse que a Revolução foi, mas que é e continuará..."

27/10/1965
31/12/1965
A violência do Estado

No fim de 1965, são registradas oficialmente 83 denúncias de torturas e 3 mortes. Presos políticos começam a aparecer enforcados nas celas

31/12/1965
5/2/1966
O terceiro Ato Institucional

Os governos dos Estados e os prefeitos passam a ser eleitos indiretamente. O Poder Executivo ganha força a cada novo ato baixado.

5/2/1966
25/4/1966
Morte e Vida Severina

É encenada em São Paulo a peça Morte e Vida Severina, baseada em poema de João Cabral de Melo Neto, e com música de Chico Buarque de Hollanda, jovem compositor que era um dos destaques da "geração dos festivais da canção" veiculados pelas televisões Record, Excelsior e Globo.  Nascia a Música Popular Brasileira (MPB), marcada pela crítica ao regime militar e pela denúncia das injustiças sociais.

25/4/1966
Hugo Banzer, Juan María Bordaberry, Ernesto Geisel e Augusto Pinochet
28/6/1966
O regime militar brasileiro vira modelo para a América Latina

Na Argentina, o levantamento militar liderado pelo general Juan Carlos Onganía derrubou o presidente Arturo Illia. Em 1971, seria a vez da Bolívia, seguida por Uruguai e Chile em 1973. Em 1976, um novo golpe na Argentina aprofunda o "terror de Estado" como método de combate aos opositores.

28/6/1966
1/8/1966
A Grande Revolução Cultural Proletária abala o mundo comunista

Liderada por Mao Tse Tung, a Revolução Cultural (1966-1969) pretendia mudar a cara do comunismo chinês e mundial, expandindo a ideia de coletivização e acabando com as hierarquias burocráticas e sociais. Os resultados, entretanto, acirraram a luta pelo poder dentro do Partido Comunista Chinês e levaram a muitos expurgos de antigos revolucionários.

1/8/1966
25/9/1966
A Revolução Brasileira

Em sua obra “A Revolução Brasileira”, Caio Prado Jr. critica as teses "etapistas" e as alianças de classe do Partido Comunista Brasileiro, tornando-se um dos símbolos do grande debate interno que tomou conta da esquerda brasileira depois da derrota de 1964.

25/9/1966
O ministro Jarbas Passarinho cumprimenta o presidente Costa e Silva
3/10/1966
Costa e Silva é o novo presidente

Saudado por parte da imprensa que havia apoiado o golpe mas se decepcionará com a política econômica do governo Castello Branco, o general Artur da Costa e Silva é eleito indiretamente pelo Congresso, prometendo retomar o crescimento econômico e "humanizar" o regime. A primeira promessa foi cumprida, já a segunda...

3/10/1966
Interpretação de Roda Viva por Chico Buarque e o quarteto MPB4
25/10/1966
Chico Buarque vence o Festival de Música Popular Brasileira

Com a música “A Banda”, Chico Buarque de Hollanda venceu o festival de música popular brasileira da Record. Mas dividiu o prêmio e a preferência do público com a canção "Disparada", de Geraldo Vandré, defendida no festival por uma interpretação de Jair Rodrigues que marcou época.

25/10/1966
25/10/1966
Liberação feminina

As mulheres saem às ruas por seus direitos em todo o mundo. Esse processo também é marcado pelo lançamento da minissaia, pelo uso disseminado da pílula anticoncepcional e pela liberação de costumes.

25/10/1966
Forças policiais em ação contra manifestantes
31/12/1966
Violência de Estado

Ao fim de 1966, os números oficiais somam 66 denúncias de torturas e 2 mortes.

31/12/1966
Posse de Costa e Silva como o segundo presidente da Ditadura, Brasília.
15/3/1967
Posse de Costa e Silva

A "posse da esperança", como a definiu parte da imprensa simpática aos militares, prometia ampliar o diálogo entre governo e sociedade. Mas os acontecimentos ao longo do governo Costa e Silva tomaram outros rumos.

15/3/1967
Che Guevara e Fidel Castro
9/10/1967
Che Guevara é assassinado

É o fim do sonho do guerrilheiro de liderar uma nova revolução na América Latina, depois da vitória em Cuba. Ernesto Che Guevara é capturado e assassinado na Bolívia.

9/10/1967
31/12/1967
Economia com pouca saúde

O cruzeiro novo tem seu primeiro ano com 25% de inflação e PIB de 4,2%.

31/12/1967
31/12/1967
Movimento hippie pede fim da guerra no Vietnã

A juventude norte-americana começa a se rebelar contra a convocação para a Guerra no Vietnã, travada desde 1965 pelas tropas estadunidenses para combater a expansão do comunismo na Ásia.

31/12/1967
3/1/1968
Militantes do PC do B no Araguaia

O PC do B envia os primeiros militantes para a região do Rio Araguaia, no Norte do país, para a estruturação da que ficaria conhecida como Guerrilha do Araguaia. Desde 1967, várias organizações de esquerda preparavam-se para a luta armada contra o regime. A maior parte atuaria nas cidades realizando ações de "propaganda armada", ao contrário do PC do B que conseguiu manter suas bases no campo sigilosas até 1971.

3/1/1968
Grevistas são presos em Osasco em 1968
16/3/1968
Greve dos trabalhadores da Cobrasma em Osasco (SP)

O ano de 1968 também marcaria a volta da classe operária à cena social e política, protagonizando duas greves que ficaram famosas, em Contagem (MG) e Osasco (SP). Para a esquerda, era o início de uma grande revolta popular contra o arrocho salarial e a repressão policial do regime.

16/3/1968
28/3/1968
PM mata o estudante Edson Luís

O estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto é assassinado por policiais militares durante um confronto no restaurante Calabouço, no centro do Rio de Janeiro.

28/3/1968
Corpo do estudante Edson Luís
29/3/1968
Enterro de Edson Luís

Ao todo 60 mil pessoas foram ao enterro de Edson Luís. Seguem-se manifestações e protestos em várias cidades do país, aumentando o protesto estudantil contra o regime que já vinha acontecendo desde 1966. Os militares reprimem duramente as manifestações.

29/3/1968
Estudantes presos durante manifestação
30/3/1968
Repressão às passeatas

O Ministro da Justiça determina que as passeatas estudantis sejam proibidas e reprimidas.

30/3/1968
Padres se colocam diante da cavalaria da Polícia no Rio de Janeiro
4/4/1968
Missas reprimidas

As missas celebradas para Edson Luís na Igreja da Candelária, no Rio, são reprimidas violentamente.

4/4/1968
4/4/1968
Martin Luther King é assassinado

O líder do Movimento pelos Direitos Civis dos negros estadunidenses é assassinado.

4/4/1968
29/4/1968
Contracultura

Na Broadway e com nu explícito, estreia o rock-musical Hair, um dos maiores sucessos da década, que critica a Guerra do Vietnã.

29/4/1968
3/5/1968
Maio de 68

É maio de 1968, começam os conflitos de rua em Paris e pelo mundo afora. Estudantes ocupam a tradicional Universidade Sorbonne.

3/5/1968
3/5/1968
A luta armada ganha o noticiário

A luta armada contra a ditadura cresce e se organiza. Tornam-se públicas e notórias as ações da ALN (Ação Libertadora Nacional) e da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária).  A primeira era uma dissiência do Partido Comunista Brasileiro, que não apoiava a luta armada contra o regime, enquanto a segunda era resultado da fusão de grupos socialistas com militares nacionalistas expulsos das Forças Armadas.

3/5/1968
Os mutantes e Gilberto Gil
5/5/1968
Tropicália ou Panis et Circenses

Começam as gravações do álbum que seria o maior manifesto musical do movimento tropicalista que reunia músicos, artistas plásticos, dramaturgos e cineastas. Os músicos tropicalistas, liderados por Caetano Veloso e Gilberto Gil eram críticos do nacionalismo cultural da MPB e da estética convencional da canção de protesto. Queriam criticar o regime, mas também chocar os padrões comportamentais e morais da direita e da esquerda.

5/5/1968
Passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro
26/6/1968
Passeata dos 100 mil

Mais de 100 mil pessoas saem às ruas do Rio de Janeiro, contra a violência policial e em defesa da democracia.

26/6/1968
26/6/1968
Ação da VPR mata um e fere seis

Membros da VPR lançam um carro-bomba, sem motorista, contra o Quartel General do 2º Exército em São Paulo. Na ocasião, é morto o soldado Mário Kozel Filho, jovem recruta.

26/6/1968
Zé Celso foi o responsável por dirigir Roda Viva, peça escrita por Chico Buarque de Holanda
19/7/1968
Teatro Galpão depredado

O teatro onde era encenada a peça “Roda Vida”, de Chico Buarque de Holanda, é depredado e seus os atores são espancados, dando início a uma onda de violência contra os teatros no Brasil.

19/7/1968
Cantor e compositor Geraldo Vandré
29/9/1968
“Sabiá”, de Tom e Chico vence o 3º Festival Internacional da Canção

Muitas vaias foram ouvidas quando "Sabiá" foi anunciada como vencedora – Cynara e Cybele, as intérpretes, mal conseguiram cantá-la. Em segundo lugar ficou “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores”, de Geraldo Vandré, a preferida do público estudantil de esquerda.

29/9/1968
Estudantes são enfileirados por Polícias durante a repressão ao Congresso de Ibiúna em 1968
12/10/1968
Congresso da UNE em Ibiúna

A polícia descobre o local do Congresso clandestino da UNE, invade o sítio de surpresa, e prende 920 estudantes. A partir daí, a parte do movimento estudantil que defendia a luta armada, paradoxalmente, sai fortalecida, em detrimento daqueles que queriam priorizar ações políticas de massa.

12/10/1968
O Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder
24/10/1968
Casa do arcebispo é metralhada

A casa do arcebispo dom Hélder Câmara, em Recife, é metralhada. No ano seguinte, um dos seus principais auxiliares, Padre Henrique é assassinado por paramilitares. A alta cúpula da Igreja Católica, que não condenara o golpe de 1964, começava a se afastar do regime.

24/10/1968
1/11/1968
Nixon eleito

O republicano e conservador Richard Nixon é eleito presidente dos EUA. A partir daí, a política anticomunista dos EUA para a América latina se tornaria ainda mais agressiva.

1/11/1968
1/12/1968
Luta armada soma 50 ações

Em dois anos, os grupos de esquerda somam 50 ações armadas. A maior parte era de assaltos a bancos, as chamadas "expropriações" para coletar fundos, mas também houve atentados a bomba contra alvos políticos e militares e algumas escaramuças contra as forças de segurança do regime. A partir de 1969, o repertório de ações incluiria sequestros de embaixadores para serem trocados por prisioneiros políticos.

1/12/1968
Matéria principal da edição do Estado de São Paulo no dia 14 de dezembro de 1968.
13/12/1968
O AI-5 é baixado

É baixado o AI-5, que iniciou o momento mais duro do regime, dando ainda mais poder aos militares, para punir arbitrariamente os que fossem considerados inimigos. Até o Habeas Corpus, tradicional instrumento jurídico para libertar presos, é declarado inválido para crimes políticos. Até os liberais, que haviam apoiado o golpe, admitem que o regime se tornara, efetivamente, uma ditadura militar, sem maiores sutilezas.

13/12/1968
Os Doces Bárbaros, Gal, Gil, Bethânia e Caetano
22/12/1968
Caetano Veloso e Gilberto Gil são presos no Rio

Os músicos baianos, símbolos da Tropicália, são presos por 3 meses, sem acusação formal. Depois, seguem para o exílio.

22/12/1968
31/12/1968
Começa o “milagre econômico”

Indústria responde aos investimentos e cresce. PIB fecha o ano com 9% de crescimento e a inflação fica em 25%.

31/12/1968
2/1/1969
Artistas são obrigados a deixar o país

Gil e Caetano partem para Londres, na Inglaterra, e Chico Buarque vai para Roma, na Itália.

2/1/1969
Carlos Lamarca em treinamento com funcionárias do Bradesco
26/1/1969
O capitão Lamarca se torna guerrilheiro

Carlos Lamarca, capitão do Exército Brasileiro, tido como militar exemplar, adere à guerrilha, levando consigo um caminhão carregado de armas e munições do Quartel de Quitaúna, em Osasco (SP). Ao lado de Carlos Marighela, Lamarca se torna a figura mais célebre da guerrilha brasileira.

26/1/1969
1/2/1969
Professores universitários perseguidos pelo regime

Com o AI-10, centenas de professores são aposentados em todo o país. A repressão avança sobre o meio intelectual e cultural. A cisão entre o regime e o meio intelectual e artístico aumenta ainda mais.

1/2/1969
Capa do Pasquim em 1969
26/6/1969
Primeiro número d'O Pasquim chega às bancas

O Pasquim, conciliando humor político e comportamental, torna-se um marco da imprensa alternativa, lutando contra a censura e contra a repressão.

26/6/1969
1/7/1969
Surge a Operação Bandeirante (Oban)

A Oban, operativo policial-militar de combate à luta armada, sistematiza os métodos ilegais de repressão: sequestro, tortura e execução dos opositores.

1/7/1969
Fotografia de Marighella na redação do Jornal do Brasil em 1964
15/8/1969
Carlos Marighella toma a Rádio Nacional

Marighella e seus companheiros da Aliança Libertadora Nacional (ALN) tomam a Rádio Nacional, em São Paulo, e divulgam um manifesto.

15/8/1969
29/8/1969
Costa e Silva fica doente

Depois de sofrer uma trombose cerebral, o general Costa e Silva é afastado da Presidência. O seu vice-presidente civil, Pedro Aleixo, é impedido de tomar posse.

29/8/1969
1/9/1969
O Brasil passa a ser governado por uma Junta Militar

A Junta Militar é composta pelos ministros Aurélio Lyra Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Souza Mello (Aeronáutica).

1/9/1969
Os 15 presos políticos libertos em decorrência do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick
4/9/1969
Sequestro do embaixador norte-americano Elbrick

Guerrilheiros do MR-8 e da ALN sequestram, no Rio, o embaixador dos EUA no Brasil, Charles Burke Elbrick. Em troca, conseguem a libertação de 15 presos políticos que são enviados ao México.

4/9/1969
7/9/1969
Pena de morte e banimentos

Com o AI-13 e o AI-14, o Brasil passa a ter pena de morte, além de banimentos de presos políticos soltos em troca de embaixadores sequestrados.

7/9/1969
29/9/1969
O primeiro "desaparecido político"

O comandante do sequestro do embaixador Charles Elbrick, Virgílio Gomes da Silva, é preso e morto sob tortura nas dependências da Oban, em São Paulo. Ele é considerado o primeiro desaparecido político brasileiro.

29/9/1969
Matéria da Folha de São Paulo estampa a posse de Médici em outubro de 1969
25/10/1969
Médici, mais um general-presidente eleito indiretamente

O general Emílio Garrastazu Médici é eleito presidente da República pelo Congresso, depois de ser escolhido pela alta oficialidade das Forças Armadas.

25/10/1969
4/11/1969
Carlos Marighella, o inimigo público número 1 do regime militar, é assassinado

Carlos Marighella é morto numa emboscada policial no bairro dos Jardins, em São Paulo, depois de uma operação da repressão que envolveu até tortura a frades dominicanos.

4/11/1969
31/12/1969
1.027 denúncias de torturas

A ditadura militar soma no fim do ano mais de mil denúncias de torturas.

31/12/1969
Sobre
Saiba mais sobre o projeto, realizadores e seus objetivos.
Apoio ao Educador
Aplique o conteúdo sobre a ditadura no Brasil na sala de aula para ampliar o estudo da História do Brasil e a formação da cidadania com o suporte de sequências didáticas e a promoção do protagonismo dos alunos. Consulte sequências didáticas que poderão auxiliar os educadores a trabalharem o tema da ditadura militar brasileira em sala de aula.
Projetos
Visite a galeria de projetos especiais realizados pelo Instituto Vladimir Herzog na promoção da Memória, Verdade e Justiça no Brasil, e na difusão de histórias inspiradoras de luta.
Acervo
Explore uma diversidade de conteúdos relacionados ao período da ditadura militar brasileira que ocorreu entre 1964 e 1985.
Memória Verdade e Justiça
Os direitos da Justiça de Transição promovem o reconhecimento e lidam com o legado de atrocidades de um passado violento e de um presente e futuro que precisam ser diferentes, para que se possa dizer: “nunca mais!”. Conheça algumas medidas tomadas pelo Estado e sociedade brasileiros para lidar com o que restou da ditadura de 1964.
Cultura e Sociedade
Apesar do conservadorismo e da violência do regime, a produção cultural brasileira durante a ditadura militar se notabilizou pelo engajamento político e desejo de mudança. Conheça um pouco mais sobre as influências do período em diversos setores da sociedade.
Repressão e Resistência

O Estado brasileiro utilizou uma série de mecanismos para amedrontar a população, sobretudo aqueles que não estivessem de acordo com as medidas ditatoriais. Conheça os reflexos do aparato repressivo e os focos de resistência na sociedade.