Campanhas cívico-pedagógicas da Aerp/ARP

Campanhas cívico-pedagógicas da Aerp/ARP

Ao longo dos sombrios anos de ditadura, o governo buscou construir sua imagem em cores, exaltando seus feitos, colocando-se como grande protetor da nação contra as ameaças à ordem e promovendo a modernização nacional. Em uma palavra, Carlos Fico (1997) define que a propaganda do período era otimista, baseando-se na ideia de um futuro promissor que estava em processo de construção. E, nesse sentido, o historiador chama a atenção para a forma como essas narrativas eram elaboradas: sob uma aparência apolítica, as representações oficiais da ditadura se mascaravam de campanhas cívico-pedagógicas, incentivando formas de comportamento, campanhas sanitaristas e ideais a serem cultivados pela pátria. Ao mesmo tempo, silenciavam temas que lhe fossem polêmicos, conduzindo a narrativa que seria publicizada.

Entre os diversos setores do governo responsáveis pela elaboração da propaganda, estiveram a Assessoria Especial de Relações Públicas (1968–1974) e, posteriormente, a Assessoria de Relações Públicas (1976–1979). Criadas sob a categoria de “assessoria”, buscavam aparentar um descolamento da condição de órgãos oficiais de propaganda, mas de divulgação de campanhas de interesse comunitário, como afirma Carlos Fico (1997). Dessa forma, o carro-chefe de suas produções eram campanhas de conscientização com caráter pedagógico e aparência comercial. Veiculadas nos cinemas e na televisão, apresentavam uma linguagem simples e direta, com trilhas sonoras envolventes e abordando temáticas variadas, mas do interesse da ditadura: Família, Pátria, Educação, Trânsito, Saúde, entre outros.Baseando-se nessa característica tão marcante de ser aparentemente dissociada de debates políticos, teve um impacto grande na comunicação das ideias do governo ditatorial, voltando-se, nesses casos, para a interferência nas formas de comportamento, cotidiano e modelos de cidadania a serem seguidos pela sociedade civil. Entre os personagens mais célebres das suas produções, esteve “Sujismundo”, protagonista da campanha “Povo desenvolvido é povo limpo”, criada em 1972. Além da sua condição de higiene precária, Sujismundo era representado como um homem de condutas malvistas, passíveis de punição. Rapidamente, ganhou a simpatia da população, transformando-se em exemplo de modo de comportamento a ser evitado.

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