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Contra a greve, a ditadura prende e mata

Contra a greve, a ditadura prende e mata

Em 1979, os sindicatos de metalúrgicos do ABC estavam mais experientes e fizeram um planejamento prévio para a greve. Insistiam na reposição dos 34% e tinham mais um leque de reivindicações. Foram realizadas assembleias gigantescas, históricas, de 60 a 80 mil metalúrgicos no Estádio de futebol de São Bernardo, na Vila Euclides. A greve começou logo antes da posse de João Baptista Figueiredo, o último general presidente da ditadura.

Capa do Jornal da Baixada, com destaque para a greve de 250 mil metalúrgicos e ameaças sofridas por operários.
Capa do Jornal da Baixada, com destaque para a greve de 250 mil metalúrgicos e ameaças sofridas por operários.

As fábricas pararam em São Bernardo, Santo André, São Caetano e depois em São José dos Campos e Jundiaí. No quarto dia já eram 170 mil os grevistas. A cada dia a Polícia Militar intensificava a repressão, com espancamento e realizando numerosas prisões, mas a greve não cedia. Nas negociações, os representantes dos empresários não ofereciam nada de concreto. Em assembleias lotadas, os trabalhadores decidiram continuar parados: “A greve continua!

No nono dia de greve, a ditadura mostrou sua cara. Colocou sob intervenção os sindicatos de São Bernardo, Santo André e São Caetano, destituindo suas diretorias. Sem a presença de seus líderes, os grevistas se reuniram na praça da prefeitura de São Bernardo e decidiram retomar o sindicato. Uma grande multidão se dirigiu para lá. A sede estava ocupada por soldados da PM, que foram colocados em posição de combate. Mas a multidão era tão grande que envolveu os policiais e os convenceu a se retirar, o que eles fizeram sem sofrer agressões.

As pressões e ameaças da ditadura aumentavam, argumentava-se que o processo de abertura política estaria em risco e que o Exército estaria em vias de intervir violentamente. Muito pressionado pelo governo e por empresários, Lula avaliou que era melhor recuar e, na assembleia seguinte, induziu à aprovação do fim da greve. Chegou-se a um acordo com os empresários e algumas reivindicações foram atendidas.

Em agosto estourou uma grande greve dos operários da construção civil de Belo Horizonte, logo seguida por uma paralisação dos caminhoneiros. Era um movimento espontâneo, radicalizado pela miséria provocada pelos salários arrochados e pela incompetência do sindicato. 50 mil grevistas reunidos no centro de Belo Horizonte, sem direção, colocaram em pânico a população. O movimento enfrentou violenta repressão da PM, ocorrendo por vezes resistência dos operários e batalhas nas ruas. A greve chegou ao fim com razoável proposta de aumento feita pelos patrões, intimidados pela combatividade dos grevistas.

Em outubro de 1979, foram os metalúrgicos de São Paulo, Guarulhos e Osasco que entraram em greve. Comandada pela oposição sindical, essa greve sofreu pesada repressão por parte da PM, a situação foi tão exacerbada que envolveu invasão e incêndio de uma igreja onde os dirigentes da greve se reuniam. O líder metalúrgico Santo Dias da Silva foi assassinado por um soldado, causando grande comoção entre os trabalhadores e a sociedade em geral. A greve acabou poucos dias depois.

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