O termo happening foi criado no fim dos anos 1950 pelo americano Allan Kaprow, para designar um recurso do artista, que combina artes visuais e um teatro sui generis, sem texto nem representação. No Brasil, Flávio de Carvalho é o pioneiro da performance – quando em meados dos anos 1950 saiu pela centro de São Paulo trajando saias – em nome de uma nova moda masculina. O Grupo Rex, criado em São Paulo por Wesley Duke Lee, Nelson Leirner, Carlos Fajardo, José Resende, Frederico Nasser, entre outros, também realizou uma série de happenings, como o concebido por Wesley Duke Lee, em 1963, no João Sebastião Bar. O “Grande Espetáculo das Artes”, como é chamado o evento, tem origem na irritação do artista por não conseguir expor a série “Ligas”, considerada excessivamente erótica. O happening tem como eixo uma atitude de rechaço à crítica e às galerias de arte.
Grupo Rex
Apesar de sua breve existência (de junho de 1966 a maio de 1967), o Grupo Rex teve intensa atuação na cidade de São Paulo. Uma atuação marcada pela irreverência, pelo humor e pela crítica ao sistema de arte. Os mentores da cooperativa, Wesley Duke Lee (1931-2010), Geraldo de Barros (1923-1998) e Nelson Leirner (1932) projetaram um local de exposições, a Rex Gallery & Sons, além de um periódico, o Rex Time, que deveriam funcionar como espaços alternativos às galerias, museus e publicações existentes.
Exposições, palestras, happenings, projeções de filmes e edições de monografias são algumas das atividades do grupo, do qual participaram também José Resende (1945), Carlos Fajardo (1941) e Frederico Nasser (1945), alunos de Wesley. Instruir e divertir são os lemas do Grupo Rex e de seu jornal. A proposta era de interferir no debate artístico da época, em tom irônico e desabusado, por meio de atuações anticonvencionais. “AVISO: é a guerra”, anunciava o primeiro número do Jornal Rex. Guerra ao mercado de arte, à crítica dominante nos jornais, aos museus, às bienais e ao próprio objeto artístico, reduzido, segundo eles, à condição de mercadoria. Recuperar o espírito crítico e o caráter de intervenção da arte, pela superação dos gêneros tradicionais e pela íntima articulação entre arte e vida, eis os princípios centrais do grupo.