Paulo Cesar Pinheiro tinha 14 anos quando virou letrista profissional. Estreou compondo os versos da música “Viagem”, feita em parceria com João de Aquino, e não parou mais. Pudera, logo sua obra de estreia seria gravada por mais de uma dezena de artistas de renome, entre os quais Maysa, Nelson Gonçalves e Marisa Gata Mansa.
Aos 19 anos, veio a consagração nacional, graças à letra que escreveu para a música “Lapinha”, de Baden Powell. Intuitiva, encomendada pelo violonista e inspirada na capoeira de Besouro, da Bahia, estourou na voz de Elis Regina, que a defendeu na 1ª Bienal do Samba da TV Record, em 1968, conquistando o campeonato.
A principal contribuição de Pinheiro no repúdio à censura, no entanto, viria dali a quatro anos, em 1972, com a gravação, pelo MPB4, da surpreendente “Pesadelo”, subitamente liberada pela censura. Entre 1975 e 1976, já casado com Clara Nunes, Pinheiro excursionou com o show universitário O Importante é que a Nossa Emoção Sobreviva, arriscando-se também como cantor, ao lado de Márcia e Eduardo Gudin.
Dessa fase, destaque para a canção “Mordaça”, feita com Gudin: “E de repente o furor volta / o interior todo se revolta / e faz nossa força se agigantar”. A mesma dupla de “Pesadelo”, Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro, emplacaria “Tô voltando”, no final da década, uma ode à anistia que se aproximava. “Pode ir armando o coreto / e preparando aquele feijão preto / eu tô voltando”. Em cinco décadas, o repertório de Paulo César Pinheiro somaria mais de 2 mil canções, feitas com 120 parceiros.