O filme, que tem o mesmo nome da canção composta para a Copa do Mundo de 1970, conta como Jofre (Reginaldo Faria), um homem comum, como se define, acaba caindo nas garras da repressão. Predomina em toda a produção um tom angustiante. “O que eu estou fazendo aqui? Sempre fui neutro. Apolítico. Tenho emprego, documentos, trabalho, filhos, pago imposto. Ninguém tem o direito de fazer isso comigo. E os meus direitos?”, pergunta-se Jofre, quando seus algozes interrompem uma das inúmeras sessões de tortura a que é submetido para assistir um jogo da seleção.
A produção remete a um tempo em que qualquer cidadão, por qualquer motivo, poderia ser apontado como subversivo. Fala de um tempo de medo, censura, das violências. O chefe da empresa em que trabalham Jofre e seu irmão Miguel, que justifica o apoio ao regime diante da ameça de ficar crédito e não poder participar de concorrências, é livremente inspirado em Henning Boilesen. “Eu queria fazer um filme que pudesse ser exibido”, declarou o diretor Roberto Farias. Financiado com recursos públicos, foi considerado “capaz de provocar incitamento contra o regime vigente, a ordem pública, as autoridades e seus agentes”, o que causou a demissão de Celso Amorim, então presidente da Embrafilme. Acabou entrando em cartaz, em sua versão integral, em 1983.