Um dos grandes nomes do Cinema Novo, Glauber Rocha lança mão da metáfora do transe para construir sua obra mais pessoal. Na fictícia República de Eldorado, Paulo Martins (Jardel Filho) é um jornalista que deposita na classe política seu anseio por mudança da situação de miséria e injustiça que assola o país. Ligado a um político conservador Porfírio Diaz (Paulo Autran), ele chega a apoiar Felipe Vieira (José Lewgoy), um vereador populista que, eleito governador, acaba controlado pelas forças econômicas que o financiaram. Na disputa pela Presidência, volta a apoiar Diaz, que faz um acordo com o maior empresário do país e assume o poder por meio de golpe.
Provocou muita polêmica na época. Alguns intelectuais o rotularam “fascista”, enquanto outros reagiram favoravelmente. “O filme também deixou marcas na produção cultural. O diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa reconheceu a grande influência de Terra em transe na montagem de O rei da vela (1967), de Oswald de Andrade, e Caetano Veloso o apontou como referência deflagradora do Tropicalismo”, analisa o jornalista Alexandre Agabiti Fernandez, em texto produzido para a revista Cult.