Do golpe de 1930 ao autogolpe de 1937

Do golpe de 1930 ao autogolpe de 1937

Os intensos movimentos revoltosos da década de 1920, que contaram com amplo envolvimento militar, serviram de sustentação política para o Golpe de 1930, que impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes e levou Getúlio Vargas ao poder. Embora comumente referenciado como “Revolução de 1930”, o historiador Edgar De Decca alerta para o caráter simbólico dessa nomenclatura, que buscava legitimar um novo grupo no poder, ocultando a violência do processo, a exclusão social e a centralização. Tratou-se de um golpe conduzido por elites políticas e militares, sem a participação efetiva e organizada das massas urbanas ou do operariado. O movimento não provocou transformações estruturais nas esferas política, econômica e social, e inaugurou um ciclo de concentração do poder Executivo — traço característico de regimes autoritários.

A partir do Levante Comunista de 1935, foi se consolidando no Brasil a retórica anticomunista. Vargas, utilizando como pretexto um falso plano de tomada do poder — o Plano Cohen —, decretou estado de guerra e fechou o Congresso Nacional. Sob a alegação da preservação da ordem, promoveu uma forte onda de repressão política, que culminou com o autogolpe de 1937, estabelecendo a ditadura do Estado Novo. O regime ditatorial resultou na extinção dos partidos políticos, instituiu a censura à imprensa e perseguiu sistematicamente seus opositores, consolidando uma das fases mais autoritárias da história republicana brasileira.

Comitiva de Getúlio Vargas (ao centro) fotografada por Claro Jansson durante sua passagem por Itararé (São Paulo) a caminho do Rio de Janeiro após a vitoriosa Revolução de 1930.
Tropas posicionadas durante a Revolução de 1930. A imagem registra um dos momentos do movimento armado que resultou na deposição do presidente Washington Luís e impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes. Liderada por Getúlio Vargas e setores dissidentes das oligarquias regionais, a “Revolução de 1930” marcou o fim da Primeira República e inaugurou uma nova fase de centralização do poder político no Brasil, também caracterizada por uma ruptura institucional — mais uma vez, sem a participação direta da população nas decisões de poder. Autor: Claro Jansson. Fonte: Wikimedia Commons.
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