A propaganda como “arma” do negócio: usos políticos no início do século XX
É comum, em períodos de radicalismos políticos, nos depararmos com um intenso aparato propagandístico. Ao olharmos para trás, identificamos essas práticas nos regimes totalitários do século XX, que inauguraram e fortaleceram estratégias voltadas para o convencimento, assim como aconteceu nas ditaduras autoritárias do Cone Sul durante as décadas de 1960 e 1970. A busca pelo consenso faz parte de governos ditatoriais que necessitam consolidar uma base de apoio para legitimar seus atos políticos. E, durante a ditadura civil-militar brasileira, isso não foi diferente. Inspirada em tradições e exemplos anteriores, investiu amplamente na produção de diferentes formas de propaganda oficial, objetivando silenciar o que lhe fosse sensível e exaltar representações positivas. Enquanto censurava e reprimia, transmitia uma autoimagem positiva de si mesma.
Logo, tal aspecto não deve ser visto como secundário na história do período; afinal, seus reflexos foram fundamentais para os vinte e um anos de ditadura e para o estabelecimento de discursos revisionistas em voga sessenta anos depois. Ao retomarmos casos anteriores como o Nazismo, Fascismo, Salazarismo e Franquismo, identificamos avanços consideráveis na elaboração de sistemas de propaganda estruturados no interior desses governos. Nesse sentido, houve uma institucionalização de estratégias narrativas e visuais que eram divulgadas por diferentes veículos de comunicação, como o cinema, o rádio e a imprensa, que, além disso, ainda estavam sob tutela do Estado. Assim, é importante compreender que houve um movimento de consolidação de estratégias de comunicação que serviram de inspiração para casos posteriores, como a ditadura civil-militar brasileira.No Brasil, esse movimento tomou forma durante os governos de Getúlio Vargas, tanto na ditadura do Estado Novo (1937–1945), quanto em seu segundo governo (1951–1954). Nesse sentido, destacamos que, ao longo dos anos, foi sendo construída uma cultura visual típica das propagandas oficiais, baseada na exaltação do líder político, ênfase na sua relação com a sociedade civil e destaque para as grandes obras públicas responsáveis pela modernização do país. E essa foi a palavra-chave da propaganda em diferentes contextos brasileiros: desenvolvimento.