Para falar do movimento operário brasileiro no período da ditadura, é necessário voltar um pouco na história. Ele se desenvolveu de forma autônoma e sem reconhecimento legal até 1930, quando foi criado o Ministério do Trabalho. Em 1931, foi promulgado um decreto, considerado a primeira “lei sindical” do país, que regulamentou os sindicatos das classes patronais e operárias.
No longo período de governo Getúlio Vargas, ao lado de reais benefícios salariais, de condições de trabalho, direitos previdenciários, em 1943, criou-se o que permanece até os dias de hoje: a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A política de Vargas, ao mesmo tempo em que reprimia duramente a militância comunista, fazia intensa propaganda paternalista, estimulando a organização sindical urbana sob controle do Estado, e, assim, conferindo a Vargas uma popularidade sem precedentes, garantindo-lhe a alcunha de “pai dos pobres”.
Em 1945, no fim de sua ditadura, Vargas inspirou e fundou o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que arregimentou os setores menos politizados dos trabalhadores, dividindo a influência com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), que tinha retornado da clandestinidade com grande prestígio entre as massas trabalhadoras. Mesmo posto na ilegalidade, o PCB continuou a dividir com o PTB nos anos seguintes a influência sobre o movimento operário. Em março de 1953, o partido teve papel dirigente na greve dos 300 mil, que paralisou boa parte dos trabalhadores de São Paulo por cerca de um mês.
Nos primeiros anos da década de 1960, cresceu a participação nos sindicatos e se realizaram grandes greves – uma delas com 400 mil trabalhadores ferroviários, marítimos e portuários parados, exigindo equiparação com os salários dos militares.
O movimento operário se manifestava crescentemente por objetivos políticos. No episódio da renúncia do presidente Jânio Quadros, fez uma greve geral em apoio à posse de João Goulart. Em 1962, foi criado o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), que passou a coordenar as articulações intersindicais (federações, confederações). O CGT atuou em movimentos grevistas importantes, mobilizando grandes massas de trabalhadores e greves políticas de apoio a Jango.