O projeto Mulheres que Lutam por Memória, Verdade e Justiça Ontem e Hoje propõe difundir didaticamente a história das mulheres que atuaram pelo direito à memória, à verdade e à justiça em relação à violência de Estado no período pós-redemocratização. São elas, em sua maioria, mulheres negras e periféricas, o que denuncia o recorte racial que marca a temática no Brasil. Afinal, durante a ditadura civil-militar, as forças institucionais recrudesceram as abordagens e a letalidade de suas intervenções, sendo os avanços decorrentes da transição democrática e da Constituição de 1988 insuficientes para a interrupção dessas arbitrariedades. Diante da negligência do Estado em enfrentar o tema, mães e familiares de jovens assassinados se uniram e se unem na luta por justiça. Suas histórias precisam ser disseminadas, reconhecidas e, sobretudo, fortalecidas e continuadas, enquanto não se faz justiça para os crimes cometidos e não se desmontam essas terríveis engrenagens.
Esta iniciativa segue o caminho trilhado pelo IVH de difundir histórias inspiradoras de luta, que estão em sua maioria fora do conhecimento do amplo público. A publicação realizada no Portal Memórias da Ditadura e a roda de conversa com os resultados da pesquisa desse projeto constituirão mais um passo nesse sentido, possibilitando à população o acesso ao conhecimento sobre a história do processo político brasileiro e a perpetuação de arbitrariedades institucionais até os dias de hoje. Assim, amplificar essas histórias constitui uma ação voltada para a garantia do direito à memória e à verdade, ajudando a denunciar as violações de direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro. São mães, esposas, filhas e irmãs de homens e mulheres que morreram nas mãos dos agentes da repressão e de quem pouco se sabe. Foi graças à determinação delas que foi possível recontar parte da história das vítimas e obter algumas vitórias na Justiça, ontem e hoje.